Rosália Martins Ribeiro Silva Paiva e Celestino Augusto Silva Paiva
celebraram o seu matrimónio no Dia dos Namorados
Rosália Martins Paiva e Celestino Paiva concretizaram um sonho ao fim de 43 anos de vida em comum. Sentiram, como nos garantiram, uma alegria indescritível, tanto mais que se declaram de educação e formação católica, tenho desempenhado funções de âmbito eclesial, nomeadamente, no CNE — Escutismo Católico Português, como chefes e dirigentes.
O drama deste casal começou quando o Celestino estava numa situação que o impossibilitava de contrair matrimónio. A Rosália, livre de qualquer impedimento, sentiu na alma a dor que provocou a sua mãe, mas aceitou unir-se, em união de facto, como agora se diz, ao Celestino, por amor. Isto aconteceu em 1968, altura em que nem o casamento civil puderam celebrar, porque não era permitido o divórcio, mas fizeram-no depois do 25 de Abril de 1974, concretamente, em 1976. E então, até 14 de fevereiro último, foram esperando pacientemente mas com esperança, a hora de se unirem pelo sacramento do matrimónio.
«Estávamos juntos há 43 anos, mas sabíamos que não vivíamos de acordo com as leis da Igreja a que sempre pertencemos e em que fomos educados» — disseram-nos. E acrescentaram: «Apesar disso, nunca deixámos de nos envolver nas atividades da Igreja Católica, participando nas cerimónias e colaborando no que fosse possível.» E de imediato adiantaram que «sentiam uma certa alegria nessa participação», reconhecendo, contudo, que não se tratava da «alegria plena», já que não podiam comungar.
Aquando da organização do processo de casamento católico, foi desejo do casal que a cerimónia fosse simples, à semana, na missa e com os padrinhos como únicos convidados. Os três filhos (Júlio César, Ana Cristina e Sónia) não puderam vir ao casamento, pois trabalham longe e com responsabilidades profissionais. A Sónia é emigrante em Inglaterra. Os três filhos foram escuteiros e sempre compreenderam a dor sentida pelos pais, pelo facto de não poderem realizar o seu grande sonho. Ficaram, obviamente, muito felizes no Dia dos Namorados, não se cansando de telefonar aos pais. E a Sónia até teve um gesto, no mínimo curioso. Conta a Rosália:
— No dia do nosso casamento, pelas 9 horas, batem à nossa porta; era o pequeno-almoço que um amigo da nossa filha nos ia servir, por encomenda dela; um pequeno-almoço à inglesa, onde não faltava nada; um pequeno-almoço que fomos comendo durante a semana, tão completo era ele; até champanhe estava no cesto.
Sobre a cerimónia, referiram: «ficámos surpreendidos logo à entrada, com cadeiras especiais para nós, grupo coral e amigos; queríamos uma festa íntima, mas tudo ultrapassou o que prevíamos.» Depois contaram: «O Padre César ofereceu-nos um ramo de flores, que fizemos questão de o entregar a Nossa Senhora, e a assembleia felicitou-nos com uma salva de palmas.»
O Celestino sublinhou a gratidão que nutre pelos membros da nossa comunidade, que sempre os aceitaram muito bem, sendo todos «fantásticos». A Rosália, corroborando o que disse seu marido, agradeceu ao Padre César e a quantos com ele colaboram a «noite linda que lhes proporcionaram». E ambos frisaram: «Nós, já velhos, fomos tratados como um casal de jovens.»
Desejo à Rosália e ao Celestino as maiores venturas, na certeza de que ambos saberão manter o espírito, aprendido e ensinado no Escutismo, “Sempre Alerta”.
Fernando Martins