Sabia que nem todos os anos divisíveis por 4 são bissextos?
Vulgarmente diz-se que os anos bissextos são aqueles que quando divididos por 4 o resto é zero: 2000, 2004, 2008, 2012… Na verdade, a regra dos bissextos é um pouco mais complicada. A regra diz que de 4 em 4 anos é ano bissexto, exceto nos anos de viragem dos séculos (1700, 1800, 1900), a não ser que o ano do século seja divisível por 400, obtendo resto zero. Assim, 1900 não foi ano bissexto, mas 2000 foi (tal como 1600). Já 2100, não será.
Isto acontece assim no Calendário Gregoriano. Em 1582, o Papa Gregório XIII reformou o calendário, que a passou a ser conhecido pelo seu nome, porque havia um grande desfasamento entre as estações e a celebração da Páscoa. Em termos simples, a Páscoa, ainda que de modo impercetível, era celebrada de ano para ano um pouco mais tarde, em relação ao ano solar. Desde o Concílio de Niceia (325 d.C.), altura em que se fixou no calendário a celebração da Páscoa, até Gregório XIII, o desfasamento foi de cerca de 10 dias, pois o calendário juliano era ligeiramente maior. Por cada período de 128 anos era necessário eliminar um dia do calendário para haver correspondência entre os meses e as estações. Como tal não foi feito, Gregório XIII, devidamente aconselhado pelos melhores especialistas da altura (entre os quais o matemático alemão Cristóvão Clávio, padre jesuíta que estudara em Coimbra e era admirador de Pedro Nunes), estabeleceu a regra dos bissextos e eliminou 10 dias do calendário. Ao dia 4 de outubro de 1582 seguiu-se o dia 15 de outubro.
Portugal, então sob domínio espanhol, adotou logo o novo calendário. Os países protestantes viriam a adotá-lo, em geral no séc. XVIII. A União Soviética adotou-o em 1918 (no ano anterior houve a Revolução de Outubro, que para o resto da Europa foi em… novembro). A China segue-o desde 1949.
J.P.F.
Fonte: Correio do Vouga