Um texto de Maria Donzília Almeida
O crime hediondo
que há pouco tempo abalou o país inteiro e deixou a sociedade portuguesa em
suspenso fez refletir sobre as causas profundas que levam uma criatura a
cometer um crime.
O Dia Europeu da Vítima de Crime é assinalado hoje,
quando se regista um aumento de mulheres afetadas por crimes, principalmente de
violência doméstica. A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, APAV, assinalou
6539 mulheres afetadas por crime em 2009, uma média de 18 por dia, a maioria
entre 26 e 45 anos, num total de 7639 vítimas apoiadas pela entidade. No
balanço da sua atividade no ano passado, a APAV aponta um acréscimo de 1,3 por
cento dos processos de apoio, que totalizaram 10 132, com o número de pessoas
ajudadas a ultrapassar 20 mil. No total, foram registados 17 628 crimes, a
maior parte de violência doméstica.
A APAV refere que, neste tipo de crime, o
número de homicídios mais do que duplicou face a 2008 (mais 128,5 por cento),
enquanto a violação subiu 5,3 por cento e o abuso sexual aumentou 3,5 por
cento. Nos crimes contra as pessoas, o rapto ou sequestro também aumentaram
(41,7 por cento, 51 casos), tal como a prostituição de menores, que duplicou
face a 2008 (quatro casos), o lenocínio (mais 150 por cento, 10 casos) e o
auxílio ou angariação de imigração ilegal (40 por cento, sete casos). O número
de idosos, vítimas de crime atingiu 642, ou seja, uma média de dois por dia,
uma situação próxima da que se regista entre as crianças, com 610 vítimas. Para
assinalar o Dia Europeu da Vítima de Crime, a APAV organiza, em Lisboa, um
seminário dedicado ao tema «As Vítimas de Crime e os Órgãos de Comunicação
Social», com a participação de diversos especialistas e técnicos. Também hoje,
figuras públicas vão estar em Lisboa, em frente ao Atrium Saldanha e na rua
Augusta, para distribuir informação aos transeuntes sobre normas básicas de
segurança, numa campanha da APAV. A data será também aproveitada pela APAV para
reforçar a campanha nacional “Se pode complicar, para quê facilitar?, que visa
prevenir e sensibilizar os portugueses para os crimes contra o património, carjacking
(roubo de viaturas com violência) e homejacking (roubo
de casas com violência), assim como para a segurança pessoal, segurança na rua,
nas zonas residenciais e de trabalho, nos transportes e áreas de acesso púbico.
Pelo acima exposto, pode concluir-se que a matemática tem
aqui uma grande expressão: na análise do tema em debate, dada a enormidade dos
números apresentados. Sobre a qualidade, temos ouvido especialistas na matéria,
como os psiquiatras, psicólogos, criminologistas e ninguém, até hoje, me
convenceu sobre as causas, motivações daqueles que ainda não entenderam as
palavras de Cristo: “Não matarás!”
22 de Fevereiro de 2012