quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Como se chegou a esta vergonha?

Um texto de António Marcelino
No Correio do Vouga


Os factos e os números são escandalosos e preocupantes: idosos sozinhos que morrem sem que ninguém dê por isso; assalto a casas de pessoas idosas com o objetivo de roubar e em que qualquer resistência é castigada selvaticamente, por vezes até à morte; idosos em lares, muitos deles votados ao abandono pelos filhos e pelos netos; magreza de reformas que não chega, nem de longe, para as coisas indispensáveis, assaltos em plena rua, antes à noite, agora a qualquer hora do dia…
A GNR, em alguns locais, presta atenção e faz companhia; apesar de pequena, a reforma dá sempre jeito, mesmo dando para pouco. Os grupos locais de solidariedade são ainda o maior apoio e companhia… Mas as preocupações permanecem. Pobre país se nele escasseia amor e lugar os idosos! Muitos não se sentem amados e julgam-se um peso para a família que os rejeita e para a sociedade que os suporta. Nos meios rurais a vizinhança ativa conta, mas a pecha do desinteresse e do incómodo está a contagiar.
Comunidades locais e paróquias têm de se sentir procuradoras dos idosos mais sofridos e isolados. Têm de amar, ajudar, gritar, denunciar, bater à porta e abanar filhos e netos, vizinhos e instituições, governo e autarquias. Os idosos são uma riqueza, deve-se-lhes respeito, gratidão e amor gratuito. Uma dívida nunca paga. Sem a sabedoria dos velhos e o amor que lhes é devido, o mundo torna-se triste e insuportável.

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