Hoje tive o privilégio de estar umas horas em Couto de Esteves, no concelho e arciprestado de Sever do Vouga. Trata-se de uma aldeia antiquíssima, que já foi sede de concelho, como o atesta a sua história. Presentemente tem cerca de 900 habitantes.
Já conhecia Couto de Esteves desde o tempo em que por lá andei, há uns 40 anos, em tarefas de apoio cultural a cursos de adultos de alfabetização e em animação de bibliotecas populares.
Nesta visita, promovida pela Diocese de Aveiro, no âmbito da celebração do Dia do Diácono Permanente, com o objetivo de dar a conhecer ao Povo de Deus a ação dos diáconos na Igreja Católica, mostrando, por outro lado, a realidade das comunidades que constituem, concretamente, a Igreja Aveirense, revi uma aldeia asseada, bem enquadrada pela floresta e pelo Vouga. Casas de pedra, limpeza nas ruas por onde passei, vestígios do seu passado que remonta ao século XII, pois foi em 1128 que Couto de Esteves recebeu, de D. Afonso Henriques e de sua mãe, D. Teresa, Carta de Foral.
Como concelho, albergou na sua jurisdição Arões, Junqueira, Rocas do Vouga e Ribeiradio, para além da própria povoação de Couto de Esteves. O concelho foi extinto em 1836.
No local da atual Casa da Cultura existiu a sede da Câmara Municipal e o tribunal. O pelourinho, agora colocado a um canto, terá dado lugar ao cruzeiro que pude contemplar em dia de leilão em favor da igreja matriz. O pelourinho, símbolo do poder e da justiça, tem data do século XVI.
Segundo o livro de Júlio Rocha e Sousa, "Pelourinhos do Distrito de Aveiro", o pelourinho de Couto de Esteves "eleva-se a partir de uma pequena base quadrada passando à forma hexagonal por chanframento das suas quinas. A altura total deste elemento é de um metro e quarenta centímetros. A meia altura possui uma cavidade onde estariam chumbados os ferros da sujeição. Possui um remate elipsoidal com ligeiras caneluras. Está ligeiramente quebrado na parte superior." Este monumento foi classificado pelo Decreto 23 122, de 11/10/1933.
Encontrei-me com um jovem que frequenta 11.o ano. Foi-me apresentado pela sua avó como pessoa que se interessa pela história local. O jovem, solícito, mostrou-me quanto gosta da sua terra. E dela me sublinhou alguns dados do seu passado. Na missa, lá estava, participando como leitor. E D. António Francisco, Bispo de Aveiro, não perdeu a oportunidade de elogiar os jovens que aos fins de semana regressam à sua comunidade para estarem com o povo e para participarem nas atividades paroquiais: catequese, grupo coral e liturgia, entre outras.
Nota: amanhã direi o que se passou com o diáconos permanentes da Diocese de Aveiro.