Nadine Almeida
A paróquia não tem só missas e catequese
Com realização do Grupo Cáritas da paróquia da Gafanha da Nazaré, teve lugar num salão da igreja matriz, no sábado, 10 de dezembro, uma ação de formação aberta aos seus membros e a todos os interessados no voluntariado. Na abertura, o Prior da Gafanha da Nazaré, padre Francisco Melo, frisou a importância desta iniciativa, ao mesmo tempo que alertou para a urgência de todos os grupos e instituições se manterem ligados. Disse que «a paróquia não tem só missas e catequese», tendo acrescentado que «não há bilharacos sem abóbora», isto é, não pode haver ação caritativa sem fé.
O Padre Francisco referiu que «não há nada mais forte do que o coração de um voluntário», porque «ele não dá a vida por dinheiro, mas por causas». E ainda adiantou que o Grupo Cáritas da nossa paróquia deu «uma volta de 360 graus», estando presentemente «no bom caminho».
Sérgio Simões, Nadine Almeida,
João Pedro Ramos e Padre Francisco Melo
Nadine Almeida, ao abordar o tema fulcral deste encontro, admitiu que há muito desconhecimento sobre o voluntariado sustentável, onde deveres e direitos têm de ser considerados. «Não se pode confundir voluntarismo com voluntariado»: o primeiro não passa de uma ajuda pontual, enquanto o segundo pressupõe uma ligação a associações ou outros organismos que perseguem objetivos, rumo a um desenvolvimento sustentável, ao jeito de que é preferível dar a cana e ensinar a pescar, em vez de se dar simplesmente o peixe.
Nadine Almeida lembrou que os destinatários do voluntariado juridicamente organizado «não são uns coitadinhos», mas pessoas que precisam tão-só de ser ajudadas a cria condições de progresso, «de forma eficaz e duradoura».
Sérgio Simões contou a sua experiência de voluntariado missionário em Benguela, Angola, integrado numa equipa dos Salesianos. Confessou que este trabalho lhe proporcionou «grande paz de espírito». «Quando parti para Benguela, fui com a ideia de que ia mudar o mundo, mas quem foi mudado fui eu», disse.
O Sérgio, que colaborou nas comunidades em que foi integrado, não deixou de lado as tarefas de evangelização, numa região de extrema pobreza, com sinais da guerra fratricida que ali durou alguns anos. «Era uma terra onde, aparentemente, não havia nada que fazer», com os nativos a olharem o branco ainda «como o que lhes fez mal».
O encontro prosseguiu com o João Pedro Ramos a historiar um pouco a vida do Grupo Cáritas da Gafanha da Nazaré, sublinhando as transformações por que tem passado, numa perspetiva de se preparar para um futuro mais ativo, já que o número de famílias cadenciadas tende a aumentar.
Diana Pinto, presidente da direção do Grupo, adiantou-nos que esta iniciativa visou contribuir para a formação dos membros da Cáritas Paroquial, promovendo novas adesões. Presentemente há 15 efetivos e alguns colaboradores eventuais.
O Grupo Cáritas está a trabalhar em parceria com a Câmara Municipal de Ílhavo e apoia, nesta altura, 20 famílias, referenciadas pelo atendimento social integrado da autarquia.
Diana Pinto também nos informou que está já programada uma ação que conta com a colaboração de uma nutricionista, Joana Ramos, com a preocupação de ensinar as famílias a confecionar refeições saudáveis com os produtos alimentares que o Grupo Cáritas oferece.
Fernando Martins