Ontem tivemos dois belíssimos exemplos da maneira de ser portuguesa: as declarações de Freitas do Amaral sobre o governo Sócrates e as nomeações para cargos públicos (uma cedência à pressão para nomear boys para jobs públicos...).
Fiquemos pelo primeiro. Freitas do Amaral culpa os erros de Sócrates (excesso de despesa) pelo estado do país: "Todos sabemos que é uma situação para a qual fomos empurrados, em primeiro lugar por uma crise internacional e em segundo pelos três últimos anos de governação de José Sócrates, que foram muito mal orientados", disse Freitas à Antena Um. Para depois acrescentar: "Andámos anos a gastar demais, agora temos de apertar o cinto para pormos as contas em ordem".
Deixem-me contar até dez antes de continuar o artigo: 1,2,3,4... 10! Pronto, agora que já passou a vontade de dizer uma coisa feia posso continuar. Para fazer duas perguntas: como explicar a amnésia de Freitas do Amaral nos últimos três anos (fora os que passou no governo)? Ou será que fez um curso acelerado de Finanças Públicas? Se foi isso não era preciso: as cadeiras de Finanças Públicas da Faculdade de Direito, onde estudou, chegavam para perceber, à distância, que Sócrates estava a empurrar o país para a bancarrota. Como se verificou!
Freitas, que com Soares devia ser um dos pais desta República, está a fazer um grande esforço para se descredibilizar. E, com isso, a agravar a má imagem que os eleitores têm da classe política: como é que o cidadão comum vai entender que um homem que foi ministro dos Negócios Estrangeiros de Sócrates venha agora dizer cobras e lagartos da actuação do anterior governo?
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