sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Como criar a autêntica solidariedade no seu sentido mais pleno?



SER CRISTÃO NA VIDA PÚBLICA
Georgino Rocha

A afirmação parece redundante. Toda a pessoa é relação. A sociedade nasce dos laços de relacionamento entre os cidadãos. Os cristãos são cidadãos de “corpo inteiro”. Tudo o que é humano lhes diz respeito. Nada acontece que esteja fora dos espaços de vida. Também públicos: na sociedade, na política, na educação, na economia, na cultura, na religião.
Esta realidade interpela-nos fortemente: Como superar a ética individualista e vencer a indiferença em que tantos humanos dão sinais claros de viver? Como lançar pontes de contacto e fomentar laços de união, reforçando a natural sociabilidade e criando a autêntica solidariedade no seu sentido mais pleno? Como ajudar tantas pessoas a libertarem-se da indolência face às mudanças em curso; ou com manifesta inércia e preguiça face ao bem de todos, o bem comum? Como passar de ideias generosas e conselhos ponderados a atitudes éticas coerentes?

A resposta é complexa, destacando-se a educação na e para a liberdade e a ética solidária. A liberdade entende-se à luz da verdade que a inteligência humana deve procurar e assumir como valor fundamental da sua dignidade. Supõe, sempre, o domínio dos impulsos cegos e dos critérios egoístas, o controle de vontades indolentes e adormecidas. Exige lucidez prática, atenção solícita, memória fiel, perspectiva correcta. Assim, o rosto social da pessoa deixa transparecer o que ela é verdadeiramente e a prudência converte-se no seu modo normal de proceder.
A ética solidária decorre naturalmente deste modo de ser humano e enriquece a nossa comum humanidade com novos valores, designadamente, o valor do contributo de cada um e o apreço pelo bem comum.
O concílio Vaticano II reconhece estes valores e exorta a que sejam tidos em conta para uma sã convivência social, alicerçada no amor, na justiça e na paz. Simultaneamente, denuncia o erro daqueles que ignoram as repercussões de comportamentos anti-sociais, lesivos do bem comum, o erro dos que gostam de fazer caridade, aliviando necessidades individuais e esquecendo que seria mais eficaz eliminar as injustiças que a originam.
O critério da colaboração na promoção do bem comum não é simples nem fácil de determinar e aplicar, sobretudo quando tem como referência «a própria capacidade e a necessidade alheia». Por isso este critério exige a educação das consciências, em ordem a um maior amadurecimento e a uma coerente autonomia dos cristãos com a sua cidadania robustecida pela fé.

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