A travessia do mar, nesse dia, fez lembrar as proezas dos nossos navegadores, quando sulcavam o Atlântico.
O dia estava cinzento, sem com isso significar desconforto na temperatura. Em S. Tomé as temperaturas são amenas, mesmo na estação que corresponde mais ou menos ao nosso Outono: nas aragens, que aqui são tépidas e até bem-vindas e na profusão de folhas que cai da imensa vegetação que contorna a estrada.
Entrámos para a lancha, movida a motor, e acomodámo-nos, como foi possível: uns na amurada da embarcação, a maior parte dos passageiros, no chão, bem juntinhos uns dos outros. Colocados os coletes salva-vidas, lá partimos com destino ao Ilhéu das Rolas. Como é típico dum clima tropical, começou a cair o que em Portugal se chama morrinha, ou chuva molha-tolos. As toalhas que nos acompanhavam para um banho no mar, do outro lado, foram dum préstimo enorme, para nos proteger dessa chuva imprevista. Entretanto, o barco ia sulcando o mar e balouçando ao sabor das ondas. Neste dia o mar estava agitado, no dizer dos naturais, habituados a estas andanças e a transportar turistas da Ponta da Baleia, para O Ilhéu das Rolas.
Com mais ou menos balanço, com as reações de enjoo que se fizeram sentir entre os passageiros, o barco chegou a bom porto. Aí, uma receção calorosa fora preparada, para nos dar as boas-vindas ao Ilhéu das Rolas. Em vão procurei pela presença das aves referidas, como justificação do nome dado àquele espaço. Informaram-me, mais tarde, que talvez fosse a presença humana que as afugentara, pelos excessos da caça.
Numa observação rápida do que se estende em nosso redor, devo salientar a vegetação luxuriante que compõe a flora s. tomense: desde uma profusão de hibiscos, rosa, brancos, vermelhos, até a outras espécies cujos nomes desconheço; coqueiros altíssimos, oferecendo os seus cocos aos transeuntes; bananeiras em grande extensão, cujas folhas são usadas pelos naturais, para se protegerem da chuva; mangueiras, as árvores que abundam por todo o lado, dando um fruto arredondado a que chamam fruta-pão, pela semelhança da sua textura com o pão.
Depois de uma volta de reconhecimento pelo resort, penetrámos no âmago da ilha, por um caminho de cabras, que aqui se chamaria mais propriamente, caminho de porcos, pela abundância desta espécie, em tamanho pequeno, como os porcos vietnamitas. Em pequenas varas, estes porquinhos circulam pela ilha, sem rei nem roque. Fugiam quando lhes apontávamos as objetivas.
No nosso percurso pedonal, íamos observando como o Criador foi pródigo com os habitantes desta terra. Os frutos tropicais de espécies tão variadas, são aqui, uma dádiva de Deus e tão apreciados pelos forasteiros.
Num ponto alto, situado na encosta desta Ilha das Rolas, encontra-se um monumento a Gago Coutinho, construído pelos Portugueses, onde está traçada a linha imaginária do equador. Existe representado, no chão, o mapa mundo, apresentando os cinco continentes. É divertido ver as pessoas tirarem fotos, com um pé no hemisfério norte e outro no hemisfério sul. O Ilhéu das Rolas proporcionou-nos este espetáculo inédito. No fim, saboreámos o delicioso fruto chamado jaca, que vai ficar ad aeternum, nas nossas papilas gustativas.