O SER HUMANO TENDE A FAZER PERGUNTAS
QUE SACIEM A SUA FOME DE SABER
Georgino Rocha
O ser humano tende a fazer perguntas que saciem a sua curiosidade e fome de saber. É sinal dos limites da natureza finita e da aspiração infinita do seu espírito. Faz perguntas desde a mais tenra idade e sobre os mais diversos assuntos, chegando normalmente a interrogar-se sobre o sentido da vida, a identidade pessoal, a convivência em sociedade, o futuro após a morte, Deus, Jesus Cristo, Igreja, família. Tem tendência a interrogar Deus, a pedir-lhe explicações dos seus actos, a julgá-lo no “tribunal da razão” pelas suas ausências e cumplicidades.
A pergunta do ser humano é um eco das perguntas que Deus lhe faz ao longo da história: Adão, onde estás? Caim, que fizeste do teu irmão? Povo meu, que te fiz eu? Responde-me – suplica por meio do profeta. E vós, quem dizeis que eu sou? – indaga Jesus aos seus discípulos.
Este modo de ser manifesta a relação mais profunda e o diálogo mais salutar que, naturalmente, se estabelece entre ambos: criatura e criador, ser carenciado e salvador, ser peregrino na história e senhor do tempo e da eternidade.
Deus dá sempre resposta à interrogação do ser humano, embora possa não seja a que este espera. Importa estar atento. O ser humano nem sempre responde às perguntas feitas por Deus à consciência pessoal e social. Daí, a necessidade de reconsiderar e de reorientar a atitude assumida, desfazendo o desvio e procurando a sintonia.
Jesus, fiel intérprete de Deus e do homem, entra na lógica da pergunta e da resposta. E, dirigindo-se aos discípulos, questiona-os algumas vezes, sobretudo quando pretende verificar o reconhecimento da sua identidade e da sua missão. Que dizem a meu respeito? E para vós quem sou eu? Perguntas feitas junto ao mar de Tiberíades e que têm repercussões universais, interpelação dirigida a um grupo e que se destina a toda a humanidade, ao longo dos tempos.
Ontem como hoje, as respostas são várias, denotando uma diversidade de posturas face ao reconhecimento de quem é Jesus e da missão que realiza. Coincidem todas em identificá-lo com algum dos grandes profetas.
O resultado desta recolha é excelente. O estatuto de Jesus havia evoluído de humilde filho de artesão e atingido a dimensão dos maiores profetas de Israel. Mas, fica manifestamente aquém da verdade. Por isso, vem a insistência: “E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro, cheio de entusiasmo, exclama: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”. Acerta em cheio e, por isso, é declarado feliz.
O acerto fica a dever-se a uma revelação recebida do Pai celeste. Certamente não mediu o alcance da resposta, atendendo a certos episódios posteriores da sua vida.
A pergunta de Jesus é dirigida, agora, a cada um de nós. Que resposta lhe damos? A dos jovens que vibram com a novidade da mensagem, a beleza das atitudes, a valentia da contestação, a determinação em ir até ao fim, o amor confiante no Pai? Ou a dos que o vêem como um guru espiritual, um bom narrador de parábolas à maneira dos mestres de Israel? Jesus é tudo isto, mas por ser o Messias, o filho de Deus. Esta é a verdade suprema e bela que convém alcançar.
Como as Jornadas Mundiais têm vindo a proporcionar e a de Madrid intencionalmente quer provocar.
Outras pessoas assumem atitudes diferenciadoras: Jesus, o libertador das classes oprimidas, o hippy extravagante num sistema social estratificado…
A resposta de Pedro fica como modelo de quem reconhece Jesus, verdadeiro Filho de Deus. E, por isso, se converte em pedra firme pela fé que professa, em edifício humano com as portas do coração abertas pelas chaves do amor, em árvore enraizada que aguenta todo o vendaval da provação e, confiante, aguarda o tempo de dar frutos apetecidos e saborosos. Como em Pedro, o apóstolo; como, assim esperamos, nos jovens participantes nas Jornadas Mundiais 2011.
Georgino Rocha