segunda-feira, 11 de julho de 2011

Grupo Columbófilo da Gafanha nasceu há 59 anos



Adelino Pina com filho de campeão

O pombo-correio dá-nos lições espantosas 
de resistência e do sentido de orientação

O Grupo Columbófilo da Gafanha (GCG) foi fundado em 1952. É, provavelmente, a mais antiga instituição criada na nossa terra. Tem uma longa história gerada à volta da paixão pelos pombos-correios, porém, pouco conhecida de muitos gafanhões. Imerecidamente, diga-se de passagem.
Adelino Pina, atual presidente da direção, defende como objetivos fundamentais para o desenvolvimento da columbofilia entre nós, mas não só, a obtenção de uma nova sede que garanta mais visibilidade e funcionalidade, mas ainda deseja a construção de um columbódromo, com finalidades pedagógicas. O GCG também deseja instalar um pombal numa Instituição particular de solidariedade social, preferencialmente com crianças portadoras de alguma deficiência, pois é conhecida a importância educativa no contato com animais. Para a concretização destes sonhos, que são pertinentes para o GCG, a associação regista o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo, cujo presidente, Ribau Esteves, tem mantido um diálogo muito frutuoso com os dirigentes.

João Bola, o sócio n.º 1, contou os primórdios do seu interesse pelos pombos-correios. Na sua juventude, com 16 anos, teve um mestre na oficina onde aprendeu a arte da serralharia, em Aveiro, que muito o influenciou. Era um columbófilo, que falava de pombos a toda a hora. «Os columbófilos estão sempre a falar de pombos-correios, como os adeptos de futebol falam dos seus clubes e dos seus ídolos», afiançou-nos.

João Bola, sócio n.º 1 do GCG

João Bola só conhecia «os pombos galegos» que havia em casa dos seus pais. Mas o mestre soube encaminhá-lo para uma experiência desafiante, no sentido de convencer seu pai a trocar os pombos galegos pelos pombos-correios. O pai do João, encarregado na JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), dirigia trabalhos na Murtosa, na altura, e foi convidado a levar, num cesto, pombos galegos e dois borrachos, já com capacidade para voar, que lhe foram oferecidos por aquele amigo. Largados na Murtosa, como lhe havia sido recomendado, os borrachos chegaram a casa e os pombos galegos nunca mais apareceram. Pai e filho ficaram admirados e o João Bola, encantado com a experiência, nunca mais perdeu a paixão pelos pombos-correios. E até já tem sucessores, já que dois filhos, o João Manuel e o Arnaldo, lhe seguem as pisadas.
Depois de se filiar no clube que é hoje a Sociedade Columbófila de Esgueira, resolveu, com outros, fundar o GCG. E recorda os tempos difíceis, com pouco dinheiro para o grupo se desenvolver. Nos concursos em que começaram a participar, eram fundamentais os constatadores, necessários para registar a chegada dos pombos-correios, com a introdução de uma anilha que identificava cada pombo. E conta: «O ideal era haver um constatador para cada sócio, mas isso era difícil; criámos então três postos de controlo: um na Cale da Vila, outro junto à igreja e um terceiro na Marinha Velha; quando o pombo chegava ao seu pombal, o columbófilo tirava a anilha que ele transportava numa pata e apressava-se, para a introduzir no constatador da sua área; não era um processo rigoroso, mas era o possível; mas nós fazíamos um desconto, tendo em conta a distância que o associado tinha de percorrer.»

João Bola, Adelino Pina e João Manuel Bola

João Bola ainda recordou os sacrifícios que os columbófilos tinham de vencer, semana após semana, durante a época dos concursos. Cada um colocava a gaiola com os seus pombos no quadro da bicicleta, e a pé, até à estação da CP, em Aveiro, lá seguiam para o despacho dos pombos-correios. Aí, abasteciam as gaiolas com água e alimentação para os pombos, pagavam o respetivo despacho e no local do destino para a largada alguém da Comissão Columbófila Nacional se encarregaria das operações necessárias para que tudo corresse bem.
Adelino Pina está esperançado nas promessas do presidente Ribau Esteves. O espaço que o GCG ocupa no edifício da antiga Cooperativa Humanitária não tem condições mínimas e a proposta do autarca ilhavense aponta para a “Casa das Perdizes”, um edifício do Estado, perto do cemitério da Gafanha da Encarnação. E se as diligências em curso para a cedência da casa pelo departamento estatal que superintende naquela área tiverem o êxito esperado, haverá muitas possibilidades de o projeto da nova sede ir por diante. «Depois terá de haver uma reconstrução e adaptação, havendo a garantia de que a CMI prestará os apoios indispensáveis», disse o presidente do grupo.
A associação tem 60 sócios, de todas as idades, sendo assinalável a presença de jovens, frisou Adelino Pina, que acrescentou: «A columbofilia é uma atividade que envolve toda a família, havendo quem suceda aos mais velhos; mas ainda há casos de pessoas que aprenderam o gosto pelos pombos-correios fora das suas próprias famílias, talvez por influência de vizinhos e amigos.»
O presidente do GCG reconhece que este desporto tem, como qualquer outro, as suas despesas, mas não é assim tão caro como muita gente pensa. «Ter o hobby dos pombos equivale a um maço de tabaco por dia; e é um desporto saudável, familiar e ligado à natureza», afirmou. Além disso — explicou — «o pombo é um animal que nos dá lições espantosas de resistência e do sentido da orientação, porque são soltos a grandes distâncias e regressam normalmente à sua casa, vencendo inúmeras dificuldades impostas pelas condições atmosféricas». Contudo, adiantou que «nem sempre chegam a bom porto por causa de condições adversas». E contou: «Um pombo meu, solto em Tavira, foi parar a Marrocos e quem o recolheu comunicou o facto à Federação. Um ano e meio depois, o pombo apareceu-me em casa.»
Adelino Pina é columbófilo desde 1992, tendo estado ligado a um grupo de Aveiro desde o início desta sua paixão. Em 2006 optou por se integrar no GCG e este ano foi convidado para se candidatar nas últimas eleições. Assumiu o cargo de presidente da direção e está apostado em dinamizar o grupo, no sentido de promover a columbofilia, criando condições para envolver mais gente jovem.

 Fernando Martins

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