DE BICICLETA ... ADMIRANDO A PAISAGEM – 25
PARQUES DE ESTACIONAMENTO
Caríssima/o:
Esta coisa de estacionar bicicletas tem que se lhe diga.
Sábado passado, deu-me para observar o J. que vinha reparar o telhado da garagem. Nove horas e ele ali está a encostar o selim da bicicleta ao esteio de granito, onde ficará resguardada do sol. ...
Uma da tarde, chegado do almoço, desmonta e encosta a bicicleta a uma fiteira, com a sombra garantida para o resto da tarde.
Até aqui, nada de extraordinário; o que acho singular, é que um outro J., este pintor, já lá vão uns trinta-quarenta anos, encostava a bicicleta exactamente nos mesmos sítios!
Afinal, em tudo semelhante ao que se passava nas zonas de estacionamento junto das fábricas ou oficinas: cada um tinha (terá?) o seu local preferido, onde esperava reencontrar o seu transporte na hora da saída.
E agora que tantas... se dizem contra os arrumadores dos automóveis (uma autêntica praga, se clama!), é interessante recordar o que se passava em todas as festas das redondezas em que os arrumadores se postavam estrategicamente à entrada do arraial a oferecer os seus préstimos, a receber a moeda e a garantir que a bicicleta lá estaria quando pensasse regressar! E juntavam dezenas e dezenas!
Também nós, na década de 50, do século passado, guardávamos as nossas pasteleiras no alpendre que os senhores engenheiros e arquitectos tiveram o bom senso de prever na construção do Liceu de Aveiro. Não havia cadeados nem embudes. Raramente as bicicletas eram mexidas; por vezes, os colegas da cidade aproveitavam um intervalo para dar uma volta, mas o senhor contínuo, atento e vigilante, logo intervinha e a bicicleta era colocada no seu descanso.
Agora a minha admiração: pensava que no nosso tempo havia muitas bicicletas... e nós íamos aos grupos pela estrada junto à Ria, ladeando as salinas!
Ao olhar para a fotografia supra, apetece-me dar três assobios...
Ora adivinhai onde fica este «parque»?
Nada de país estrangeiro; até podia ser uma escola da Gafanha; mas não, é da Escola Padre António da Fonseca, da Murtosa!
Afinal os jovens têm problemas para estacionar as bicicletas...
Manuel