domingo, 19 de junho de 2011

Reflexão para este domingo: O Homem quer saber quem é Deus



MOSTRA-ME O TEU ROSTO

Georgino Rocha

Moisés, com esta súplica, expressa um dos desejos mais profundos e persistentes do coração humano. O rosto espelha o ser e abre “janelas” de acesso à interioridade. A quadra popular traduz em poesia esta verdade elementar: O coração mais os olhos/ são dois amigos leais/ quando o coração está triste/ logo os olhos dão sinais. 
O homem de todos os tempos quer saber quem é Deus e, por isso, ousa pedir que o Senhor lhe mostre o seu rosto. Ao desejo do ser humano corresponde a manifestação divina. E o encontro acontece, gerando uma aliança de amor para sempre. Deus espelha-se na pessoa humana e esta revê-se em Deus e no seu agir histórico.

Moisés

E que reflexos de Deus brilham na humanidade? Antes de mais a matriz comum: a pessoa é um ser individual em comunhão e membro de uma família de irmãos em relação. Como família; reconhece e promove a igual dignidade de todos e a diversidade de capacidades; assume a missão confiada e as funções atribuídas; aprecia a responsabilidade conjunta e o desempenho pessoal, valoriza a proximidade e a autonomia de cada um. A desumanidade das pessoas e situações dilui este brilho da face divina e faz dela uma caricatura desprezível. 
O reflexo remete-nos para a sua fonte original e facilita o acesso à face do Senhor. Conhecer o ser humano, na sua autenticidade, constitui a via mais excelente para chegar a Deus. A linguagem corrente, mas sobretudo bíblica, serve-se de expressões humanas para dizer “algo” sobre Deus, para mostrar como Ele actua na história, para desvendar a relação fundante que, de forma discreta e assertiva, mantém com todos os seres vivos. Mas só em Jesus esta linguagem é adequada, a imagem real de Deus invisível se torna acessível, o nome de Pai tem pleno sentido. 
O apelo a que nos humanizemos provém desta matriz comum e reveste o cultivo dos direitos humanos universais e a cordialidade das relações das pessoas entre si e das suas associações que dão consistência à sociedade global. A fasquia a que estamos chamados é atingida e vivida por Jesus Cristo que fica para sempre o Homem novo. O futuro que está em construção germinal no presente será o deslumbramento perante este Deus família, trindade de pessoas e comunhão de amor e de vida.


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