quarta-feira, 25 de maio de 2011

Programa dos que não se resignam a ficar calados



Programa político de um cidadão cristão, 
responsável e livre

António Marcelino

Não é um programa partidário, nem vai a votos. Qualquer que seja o resultado dos que vão às urnas, este será sempre um programa permanente, válido e imperioso. É o programa dos que não se resignam a ficar calados e instalados, que sentem o dever de intervir com liberdade, sem medo e não olhar a proveitos pessoais. Pontos do programa para uma sociedade livre e aberta ao bem de todos. Não são aqueles a que os partidos costumam dar maior atenção, mesmo que digam o contrário. Aí vão: 

 1. Respeitar e defender a pessoa humana, homem ou mulher, ou seja, cada cidadão, com a sua dignidade, direitos e deveres, capacidades e fragilidades, liberdade e alienações. Sempre em ordem à sua defesa, respeito e promoção. As pessoas são o verdadeiro património da nação. Esta empobrece sempre que se matam os nascituros. Não há cidadãos de primeira e de segunda. Não pode haver pessoas a quem tudo sobra e pessoas a quem tudo falta, gente reverenciada e gente desprezada. Toca a todos, qualquer que tenha sido o seu berço, uma igual dignidade e condição. As pessoas são mais importantes que os partidos políticos. Tudo existe em função delas. 

2. Defender e promover a família. A família é fundamental para cada pessoa e para a sociedade. Ela não pode sair do horizonte atento do nosso observatório social. Chega de projectos e leis de destruição e de minimização da família, com base em ideologias estranhas e maiorias parlamentares. Quem não ama, não sabe o que é o amor e a família normal é o espaço normal do amor. As mudanças sociais e culturais obrigam à reflexão para defender valores e instituições naturais e universais, não para os aniquilar ou relativizar. A família tem vindo a ser maltratada pelo poder público e pela comunicação social. Tem sido desprotegida e minimizada em aspectos essenciais da sua vida e missão. Apoiar e defender a família é garantir o futuro do país e das pessoas e o seu necessário equilíbrio afectivo. É urgente lutar por políticas familiares sérias. Já se fez de mais em contrário, por antipolítica que não respeitou a família.

3. Dar sentido, humano e social, à actividade económica. A economia não é um fim em si mesma, nem uma actividade para beneficiar apenas alguns. Porque necessária, não deve faltar aos seus gestores, políticos ou empresariais, competência, sentido de justiça, discernimento do essencial, sentido social. Numa economia de bem comum não há lugar para luxos e supérfluos, nem para proteccionismos injustos. Sempre assim, e mais ainda em tempos de uma crise grave, injusta e penosa.

4. Dizer, sem medo, que o Governo não é o Estado. O poder de quem governa só se pode entender como serviço responsável à comunidade. Não é uma providência sem limites, que promete o que não tem e não o pode dar. Não é o dono das pessoas para as manipular e delas se servir, a seu jeito e interesse. O horizonte permanente de quem governa é o bem comum, o bem de todos, sem excepção, não de grupos ou claques partidárias. O bem de todos, segundo as possibilidades nacionais, proporciona a todos os cidadãos, mesmo aos que não o querem aproveitar, aquilo a que têm direito para viver com dignidade. E, também, de modo a que possam colaborar, à sua medida, para que todos beneficiem do mesmo, de igual modo. Aos governantes não se dispensa a lucidez sobre os objectivos para bem da comunidade, o administrar com honestidade o erário público, o acolher e fomentar a participação regulamentada da iniciativa privada, o vencer a tentação de totalitarismos e demagogias, o defender e dar exemplo claro de compromisso democrático. Respeitando e apoiando o princípio da subsidiariedade, fundamental numa sociedade realista, se valoriza a sociedade civil e se põe travão a monopólios do Estado e de outros. 

5. Lutar por uma educação em que o educando é a prioridade. Educação que olha a pessoa na sua integridade, aberta aos valores morais, éticos e transcendentes, baseada em projectos educativos sérios, ministrada por educadores preparados e honestos, integradora da família, com liberdade para que esta possa intervir e optar por projectos educativos concretos. Educação que responsabilize as comunidades locais pela promoção de um ambiente propício e as autarquias pela defesa de meios adequados. Educação que seja uma preocupação permanente de quem governa. Na educação escolar, propicie-se a abertura ao mundo da cultura, da arte, do património local, das tradições sãs, do respeito, ainda que crítico, do passado, dos sentimentos e dos afectos que equilibram e enobrecem. Educar é capacitar para a valorização pessoal, convivência sadia e participação social. Educar para a necessidade de aprender até morrer, propiciando meios para que assim aconteça. 

6. Defender os mais frágeis da sociedade. Há que ter sempre presente os mais pobres, as pessoas com deficiências graves, aqueles a que faltaram oportunidades para ir mais além, os imigrantes injustiçados, os sem trabalho e sem abrigo, os com menor acesso à saúde e seus cuidados, as famílias desestruturadas, vítimas desprevenidas das miragens da irresponsabilidade social e política. Neste sentido, há que promover a justiça social, fomentar o voluntariado, estimular a solidariedade e a partilha fraterna.

7. Denunciar, por todos os meios, a corrupção, os abusos do poder, os favores partidários, a promoção dos incompetentes, a sabujice dos inúteis, as arbitrariedades e o “vale tudo”, mesmo a mentira, para conseguir objectivos sonhados, mas imerecidos.

8. Fazer com que a gente de boa vontade, da Igreja e da sociedade civil, lute por um Portugal de rosto lavado, consciente da sua história, dos seus valores, da sua cultura, das suas tradições sãs, das suas responsabilidades, um país sem complexos de mais ou de menos, igual a si mesmo, com a sua originalidade e capacidades, mas, também, consciente dos seus defeitos, erros e limites.

9. Acreditar, como cristão, no valor determinante da fé comprometida, alimentada nas raízes evangélicas. Por um esforço comum, ela pode ajudar a libertar da corrupção, da mentira e da violência, uma sociedade que se deixou alienar pelo poder partidário e pela publicidade sem regras. Procurar, por coerência e convicção, que as intervenções públicas, individuais e comunitárias, respeitem e promovam a dimensão espiritual e cristã da vida, a fraternidade sincera, o primado de Deus nas consciências e no agir pessoal e social. Uma alternativa original onde cabem aqui todos os projectos sociais necessários.

10. Dirão muitos que tudo isto é utópico. É sempre esta a opinião de quem não se quer comprometer e acaba por ser vítima das suas omissões, arrastando outros consigo. A utopia é sempre caminho e inspiração para novos horizontes de vida e novos caminhos de acção. Nada mais utópico que o Evangelho de Cristo. A ele, porém, vão beber, desde há dois mil anos, todos os projectos políticos e sociais que querem servir as pessoas, ter uma vida com sentido e resistir ao tempo. A falta de utopia sadia e de alimento do poder em fontes sãs não é acaso a razão das crises sociais e morais que agora nos preocupam e atormentam? O meu programa é este e ser-lhe-ei fiel.

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue