1. Bin Laden foi o mentor da organização terrorista mais violenta de que há memória, com a agravante de agir em nome de Deus;
2. Por essa conduta, condenada por todo o mundo civilizado, impunha-se a sua captura, julgamento e condenação, à luz dos direitos humanos e da justiça internacional;
3. Os Estados Unidos da América, ao liderarem todo o processo de captura, pela lógica de ter sido o país mais sacrificado, devia agir em concordância com as leis internacionais, não podendo invadir o território de ninguém, sem autorização expressa, se é que o fez;
4. Face ao terrorista mais odiado dos nossos tempos, desarmado (como diz a comunicação social), devia prendê-lo para posterior julgamento, de acordo com as leis internacionais;
5. Como defensor do direito inalienável à vida, não posso condescender com a liquidação de um qualquer criminoso, por mais hediondo que ele seja, à queima-roupa e sem direito a defesa ou a arrependimento;
6. Agindo como agiram, as Forças Especiais da Marinha dos EUA limitaram-se a um comportamento semelhante ao dos terroristas que perseguiam;
7. Como fui educado e formado nestes princípios da não-violência, onde o olho por olho e o dente por dente já não têm lugar numa civilização marcada pelo cristianismo, não podia ficar indiferente ao silêncio de tantos líderes religiosos, de tantos políticos humanistas e de tantos defensores da vida;
8. Decerto contra a corrente dos que aplaudem o que aconteceu, provavelmente gente que sofreu na pele o terror provocado por Bin Laden, e solidarizando-me com a sua inegável dor, aqui declaro que condeno abertamente o terrorismo, como condeno a justiça sem julgamento, muito menos a pena de morte.
Fernando Martins