O título do PÚBLICO online — "E a Igreja entrou na campanha... com Cavaco" — não é de bom jornalismo. Pelo contrário. Engana os incautos. Não está correto num jornal sério. Mesmo admitindo que um padre, no púlpito, aconselhe a votar, direta ou indiretamente, neste ou naquele candidato. Pela Igreja, em Portugal, apenas os bispos podem falar, na sua diocese. A nível nacional, cabe ao presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), D. Jorge Ortiga (e não o Cardeal Patriarca de Lisboa, como muitos pensam), falar em nome do episcopado, para assuntos de âmbito geral.
Muito mal andaria a Igreja Católica se ousasse avançar com qualquer indicação de voto. Contudo, não vejo mal que o clero recomende, claramente, a participação no ato eleitoral.
Dir-me-ão que há padres que o fazem em missas, isto é, que teimam em usar o lugar privilegiado que ocupam nos templos para indicar as suas preferências. Serão muito poucos os que esquecem o seu dever de isenção na Mesa da Palavra. Mas um jornal de referência, como o PÚBLICO, não pode confundir a árvore com a floresta. Eu, que o leio diariamente, não gosto nada de títulos enganosos.
FM
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