segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Costa-Nova-do-Prado — 200 anos de História e Tradição” em 3.ª edição

Maria José Santana, Senos da Fonseca e Helena Malaquias

Maria José Santana e Senos da Fonseca

Ílhavo seria muito diferente sem a Costa Nova

Um ano depois da 1.ª edição do livro “Costa-Nova-do-Prado — 200 de História e Tradição”, de Senos da Fonseca, surge a 3.ª, apresentada no sábado, 11, no Hotel de Ílhavo . No meio ficou a 2.ª edição, naturalmente. A razão é clara: a obra merece e os leitores não lhe viraram as costas. Voltada, ao que julgo, para quem conhece a Praia da Costa Nova do Prado, a obra começa a ser conhecida para além das nossas fronteiras regionais. A receita vai ser canalizada para o CASCI (Centro de Acção Social do Concelho de Ílhavo), como já o fora nas outras edições.
Helena Malaquias, da direcção daquela instituição, sublinhou o facto e o gesto do autor, que ofereceu o produto da venda, pela sua postura de ser solidário. Recordou a fundadora do CASCI, na década de 80 do século passado, Maria José Senos da Fonseca, «que toda a população de Ílhavo deve ovacionar de pé». Apresentou um vídeo que mostra a dinâmica e a projecção social na região ilhavense daquela instituição, com ramificações até Aveiro e Vagos. Lamentou, entretanto, que não tivesse sido possível fazer o lançamento desta 3.ª edição do livro de Senos da Fonseca num espaço mais amplo e adequado da tutela da Câmara Municipal, apesar de atempadamente ter sido solicitado.
A jornalista Maria José Santana, que já se apaixonou há tempos pela Costa Nova, onde passou a residir, salientou, na apresentação do trabalho de Senos da Fonseca, que detectou no livro o enorme prazer pessoal que o autor pôs nos estudos em que se envolveu, durante seis anos. E lembrou que esse prazer «não feriu a veracidade da história».
Aquela jornalista frisou a importância de se viajar no tempo para melhor se ficar a conhecer a Costa Nova, acrescentando, parafraseando Senos da Fonseca, que sem ela «não seríamos o que somos hoje». Olhando para “Costa-Nova-do-Prado — 200 de História e Tradição”, Maria José Santana apreciou os encontros no Palheiro de José Estêvão, com os famosos da época que para estas bandas vinham a banhos, e disse que o autor dos pescadores fez personagens, enquanto evocou os festejos em honra de Nossa Senhora da Saúde.
Recordou personagens de várias gerações que marcaram indelevelmente esta zona balnear, nascida, de certa forma, à sombra das companhas de pesca que se viram obrigadas a deixar a «costa velha» (S. Jacinto), mas ainda falou do salvamento do Desertas, «empreendimento notável para a época». Encalhado na praia, foi necessário abrir um canal para o levar de volta para o mar.
Senos da Fonseca é, sem dúvida, um profundo conhecedor da história local. “Ílhavo — Ensaio Monográfico”, que o levou a pesquisar e a ler e reler tudo quanto era necessário para um trabalho à altura da sua terra, deu-lhe asas para outros voos. Desses voos surgiu este livro que agora aparece em 3.ª edição. Começou pelos primeiros palheiros e pelo primeiro agregado humano, por volta da abertura da Barra, em 1808. E veio por aí fora até «à Costa Nova colorida que hoje conhecemos».
«O menino que em pequeno apenas queria ser homem» — disse Senos da Fonseca — aprendeu a não se servir da vida, mas a servi-la, e denunciou que «Ílhavo é uma madrasta excepcional», menosprezando muitos dos seus maiores, como aconteceu, por exemplo, com Alexandre da Conceição e Mário Sacramento.
Senos da Fonseca repetiu o que já afirmou noutras ocasiões: Os ílhavos não souberam tratar o gafanhão como um igual; só perante a ameaça da mudança para o concelho de Aveiro é que Ílhavo passou a olhá-lo de outra maneira.
Disse que somos um povo de gigantes, com dez séculos de existência, «que não veio de lado nenhum e que deixou descendentes por todos os cantos», através de migrações dentro do país. E as colónias que criaram, com características próprias, ficaram com gente solidária.
O autor do livro “Costa-Nova-do-Prado — 200 de História e Tradição” focou que «A Costa Nova tem para Ílhavo o que Sagres teve para os Descobrimentos». Nesse pressuposto, «Ílhavo seria muito diferente sem a Costa Nova», garantiu.

Fernando Martins

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