O CARVALHO
Tomás Tavares de Sousa, eng.
Caríssima/o:
a. Aí fica a fotografia dos nossos dois carvalhos, por trás do canavial.
Como todas as árvores do nosso quintal, também nos podiam contar a sua história. Mas a quem poderia ela interessar?
E se os trago hoje é por falta de um castanheiro, que já os houve, mas como não davam castanhas...nesta época do S. Martinho traziam a tristeza da desilusão!
e. E carvalhos se viam alguns pelos nossos campos da Gafanha; contudo e como era (será ainda?) habitual, pouca ou nenhuma importância se lhes dava: procuravam-se frutos comestíveis... para matar a fome...
i. A madeira do carvalho é muito boa para a construção, sob a forma de vigas.
Serve igualmente como combustível. A lenha de carvalho é excelente para dar calor, queimando devagar e uniformemente, até que todo o tronco se desfaça.
As folhas e frutos (bolotas ou landes) podem ser aproveitados como alimento para o gado.
Já foi usado para bronzear couro.
o. O seu tronco forte é coberto por uma casca rugosa riquíssima em propriedades curativas. O chá é recomendado para diarreias, e na forma de banho para aliviar hemorróidas e fissuras.
Como é habitual, muito utilizada na medicina popular. O gargarejo ou líquido para limpeza bucal é usado para laringites, faringites, dor de garganta e amigdalite; compressas para queimaduras, cortes, eczema, dermatite, hemorróidas, lombriga, varizes e vasos capilares fracos.
1. O nome do género, “Quercus”, é uma palavra de origem céltica, Quercua, onde “quer” significa “bom” e “cua” significa “árvore”.
A árvore de carvalho era sagrada para os Druidas e foi por muito tempo um símbolo de fertilidade e imortalidade.
No passado, mulheres que desejavam engravidar levavam consigo uma bolota como um talismã. Na mitologia nórdica, o carvalho era associado com deuses do trovão, uma vez que os arvoredos de carvalho pareciam atrair muitos raios. Para os Romanos, o carvalho simbolizava coragem e os heróis de guerra eram frequentemente coroados com uma grinalda de suas folhas .
2. Carvalho é a designação comum das cerca de 600 espécies de árvores do género Quercus da família Fagaceae, e outros géneros relacionados, nomeadamente Lithocarpus. O género é nativo do hemisfério norte e inclui tanto espécies caducas como perenes, que se estendem desde latitudes altas até à Ásia tropical e América. Em geral, as espécies de folha caduca distribuem-se mais para o norte, e as de folha persistente para o sul.
3. O carvalho-negral é considerado como um segundo pasto nalgumas zonas de Portugal, onde existe na bordadura ou em pequenos tufos no meio de pastagens uma vez que, quando as ervas começam a escassear, o homem corta algumas pernadas ou lançamentos da toiça ou da copa para dar alimento aos animais.
4. Dos troncos dos carvalhos aparecem umas pequenas excrescências - bugalhos, que parecem frutos mas que mais não são do que a reacção da planta à picada de um insecto, servindo o bugalho para ninho dos insectos.
5.E por fim, a lenda que poderia ser uma das tão conhecidas “O Carvalho e os Juncos” ou “O Plantador de Carvalhos”; contudo ficaremos bem com Eduardo Sequeira e a que nos conta:
“Hercules, o lendario gigante invencivel, regressando um dia de praticar uma d'aquellas suas tão memoraveis façanhas, deitou-se em pleno campo para dormir a sesta. Antes porém de se confiar aos braços de Morpheu, no sólo, junto a si, na previsão de qualquer repentino e inesperado ataque, espetou a pesada máça, mais forte que o ferro, e com que esmagava tudo quanto lhe oppunha obstaculo aos seus designios.
Dormiu o bom do gigante por muito tempo e quando acordou era quasi noite; procurou logo a arma predilecta, e com assombro viu em lugar d'ella uma pujante e formosissima arvore! A máça, ao contacto do sólo, enraizara, desenvolvera tronco, lançara ramos, folhas e fructo.
Hercules furioso arrancou o vegetal e, quebrando-lhe os ramos, fez do tronco uma nova e formidavel clava, mais sólida e forte que a que antes possuira.
Porém, dos fructos esparsos pelo sólo, nasceram ao depois novas identicas arvores, que para sempre ficaram sendo o emblema da força e do vigor.
Estas arvores são os carvalhos.”
Manuel