Senhora dos Navegantes na hora da partida para a procissão
É já no próximo dia 19 de Setembro que se realiza a Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos marítimos e suas famílias. A festa, que outrora foi romaria, atraindo gentes das redondezas, até obrigava a feriado em Aveiro, cujo comércio fechava para proporcionar o passeio ao Forte da Barra, em cuja capelinha, com sinais de fortaleza, fazia adivinhar segurança para toda a gente.
A festa tinha o ponto alto na segunda-feira, já que no domingo anterior tinha lugar, na Costa Nova, a romaria da Senhora da Saúde, também Ela venerada pelos trabalhadores do mar e da ria e veraneantes. Estas duas romarias tinham uma marca comum: o encerramento da época balnear nas duas praias do concelho de Ílhavo em terras gafanhoas – Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação.
Mas o fim da época balnear, afinal, não encerrava com aquelas romarias. Os bairradinos, depois das vindimas, vinham a seguir para recuperar do desgaste provocado pelas canseiras das uvas e do vinho, que ficaria, este, em sono de cura até ao S. Martinho.
Voltando à Senhora dos Navegantes, é oportuno referir que, para além das cerimónias religiosas, com missa solene a procissão até ao mar, havia música e foguetes a condizer, mas ainda é justo sublinhar que o convívio familiar e entre famílias era nota dominante. Farnel preparado a tempo e horas, onde não faltavam acepipes para dias de festa, acompanhados com bebidas que alegrassem a alma de quem não se esquiva a canseiras para levar uma vida “direitinha”, como então se dizia, tudo se conjugava para se experimentar um dia diferente. E de rancho para rancho, nos relvados do Jardim Oudinot, não faltava quem partilhasse farnéis e brindasse à saúde de cada um e de todos, do garrafão erguido que chegava para todos.
É certo e sabido que os tempos são outros, mantendo-se, todavia, o sentido religioso, a devoção por Nossa Senhora e a partilha da alegria e da convivência, presentemente enriquecida pela procissão pela Ria. E se pensarmos bem, esta procissão estará na primeira linha de nos levar à laguna, pois que o progresso, implacável, nos tirou grande parte das paisagens lagunares, que antigamente nos envolviam de dia e de noite, entrando-nos no corpo e no espírito até mais não.
Tanto quanto se sabe, a procissão sairá pela última vez do Stella Maris, pois àquele espaço vai ser dado outro destino. A não ser que Nossa Senhora, sob qualquer designação, tenha conquistado direito a um lugarzinho ou venha a ser convidada para ali ficar, para abençoar quem passe ou venha a passar. Seria bonito.
Fernando Martins
PROGRAMA
11 horas – Recepção aos Grupos convidados, junto à sede da Junta de Freguesia;
14 horas – Procissão do Stella Maris para o Porto Bacalhoeiro, no cais n.º 3;
14.30 horas – Procissão pela Ria com andores, banda de música, barcos moliceiros, mercantéis e de recreio, bateiras, lanchas e outros;.
16.30 horas – Desembarque no Forte da Barra e celebração da Santa Missa, junto à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes;
18 horas – Actuação da Filarmónica Gafanhense;
18.30 horas – Festival de Folclore, com a participação dos grupos Folclórico Ceifeiros da Corugeira – Coimbra; Folclórico de S. Torcato; e Etnográfico da Gafanha da Nazaré.