Solar dos Malafaias
Nem vivalma
Está limpo, mas vazio
Adega-frigorífico, onde se vendia vinho verde de Lafões
Acesso sem sinais de utilização
Tanque abandonado
O acesso não será o melhor, para quem sai de Vouzela. Mas se for das Termas de S. Pedro do Sul, já não digo o mesmo. O difícil será partir de Serrazes à procura do Parque de Campismo, que até está sinalizado. O caminho é menos polido e tortuoso. Contudo, cheguei bem ao local onde passei algumas férias com a família.
Em Serrazes pude apreciar, mais uma vez, o solar dos Malafaias, que ostenta um poder económico fora do comum da restante aldeia. Há anos tive o privilégio de o visitar por dentro, por amabilidade de amigos. Agora, limitei-me a apreciá-lo por fora, o que já não é mau. E então recordei a história de um Malafaia que eventualmente matou um irmão por causa de ciúmes. Nunca cheguei a ler o livro que conta esse triste acontecimento. Mas gostava de o ler por simples curiosidade. Nada mais.
Chegado ao Parque de Campismo, fiquei desolado, tal o estado em que se encontra. Em pleno Agosto, quando era suposto estar cheio de campistas, estava às moscas. Nenhum sinal de vida turística nem sombra de busca de lazer. Tudo abandonado. Outros tempos, julgo eu.
O tanque de água fresca e corrente, onde o pessoal nadava que se fartava, para refrescar corpos e ideias, mostrava limos de mistura com lixo. Os acessos há muito por pisar mal deixavam adivinhar o carreiro por onde se passava, e a horta, onde o guarda-florestal e sua esposa, já idosos, cultivavam legumes que depois vendiam, fresquinhos, aos campistas, escondiam terra que outrora foi arável.
A casa do guarda-florestal, abandonada, bem podia ser aproveitada para qualquer coisa. A tristeza que me ofereceu a visita foi enorme. Porém, não estou arrependido.
Ali recordei o espaço em que um dia, com os meus filhos, de tanto jogarmos ao jeito do ténis sem rede, me deixaram arrasado com músculos doridos para uma semana.
Num outro dia, com jovens e crianças, dirigi um grupo que partiu à procura da Pedra da Escrita, por meio de mato e silvedos. Ainda lembro a satisfação da descoberta da pedra pré-histórica, com inscrições até hoje, que eu saiba, indecifráveis, e que nem todo o povo da aldeia conhecia.
Depois o descanso, a tranquilidade da serra, o sentido bucólico da vida, os ares puros, a quietude do parque quase virgem, a paz interior que vem sempre que a buscamos.
Até outro dia, quando a vida me sugerir que procure momentos agradáveis de tempos que não podem voltar.
Fernando Martins