quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ainda a questão dos casamentos gays



Sempre houve homossexuais
desde que o mundo é mundo


Encontrei hoje um amigo que não via há meses. Ao cumprimentá-lo, notei logo que não vinha bem. Na minha idade não é bom perguntar pela saúde a quem se cruza comigo. Pode ser um estímulo muito grande para ouvir queixas e mais queixas de quem se sente com as doenças todas. É certo que às vezes também vou na onda, mas procuro evitar. Procuro evitar, sobretudo quando um amigo meu me contou o aviso de seu pai: “não devemos falar de doenças para as não acordar.”
Ora o meu amigo, de voz cansada e ar abatido, confessou-me de imediato as razões do seu desânimo. Esta coisa de os homossexuais casarem e de virem a poder adoptar crianças, deixou-o desiludido.
“Como é possível que isto aconteça na nossa sociedade, quando a grande maioria dos países do mundo não seguem esta opção civilizacional, no dizer do nosso primeiro-ministro?”. E num desabafo sentido confessou que nem lhe apetece viver…
Lá tentei animá-lo com palavras que o levassem a entender que estas leis não são para todos seguirem obrigatoriamente, sendo garantido que muitos homossexuais não quererão saber disso para nada. Agora andam alguns muito eufóricos, para televisão ver, mas daqui a uns dias já ninguém fala disso. Até porque, acrescentei eu, com os graves problemas que o País atravessa, não se pode perder tempo com questões ditas secundárias.


Sempre houve homossexuais desde que o mundo é mundo. Há anos ouvi numa conferência uma informação curiosa e que eu desconhecia: o orador garantiu, mais ou menos nestes termos, o seguinte: dez por cento dos presentes nesta sala são homossexuais; outros dez por cento são bissexuais, isto é, tanto vão com um parceiro do mesmo sexo como de sexo diferente. Muitos se riram. Outros tantos ficaram pensativos.
Face a esta realidade, penso que não vale a pena preocuparmo-nos com isto. Com os sem “casamento” haverá homossexuais gays e outros que o não são. E nós, cristãos e democratas, não podemos deixar de os respeitar como pessoas que são, com todos os direitos cívicos. Quando defendemos as nossas ideias, com o entusiasmo própria de quem fala daquilo em que acredita, não podemos deixar-nos abater e cair no desânimo, até com vontade de morrer.
Quando eu era jovem aprendi regras de moral que fariam rir às gargalhadas muitos jovens de hoje. Sei que há leis de certo modo imutáveis, mas nem todas o são. Por exemplo: a pedofilia não era crime há poucos anos; o incesto também não é crime, ainda; a escravatura, há séculos, era aceite até pela Igreja…
Apesar de tudo isto, estou convencido de que o meu amigo não se conforma. E é pena, porque temos de viver nesta sociedade, apesar de nos custar entender ideias que nada têm a ver com a educação que recebemos. O mundo é assim… Não temos é o direito de condenar seja quem for.

Fernando Martins

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