As raízes da transparência
1. A «transparência» vai-se afirmando como um valor inalienável em ordem à clareza dos tempos futuros. A própria recente Cimeira de Copenhaga, nas suas ambíguas lutas de argumentação, trouxe para o cimo da mesa a necessidade de um realismo vigilante em termos de aplicação de decisões, caminho este que só é possível com a transparência, a partilha de informação, o sentido de bem comum. À medida que nos estados ditos de organizados a corrupção foi alastrando salienta-se, simultaneamente, o emergir de instâncias que vêm zelar pela responsabilidade esquecida. Novos e admiráveis passos de progresso técnico são dados cada dia, mas estes não conseguem travar a dificuldade de preservar os territórios da transparência e da verdade de não querer acima daquilo que é o “dever ser”. Planos inclinados…
2. Geram-se novos conhecimentos, ultrapassam-se as fronteiras das éticas e depois criam-se novas organizações pela defesa daqueles valores que deveriam de ser pressupostos numa sociedade dita de humana. Um dia destes demos conta em notícia da existência da Transparency International, uma prestigiada ONG (organização não governamental) que luta contra a corrupção. Este organismo está em fase de entrada e instalação em Portugal, um dos três países da Europa em que ainda não tem ligações. Esta entrada de Portugal vai ter direito a vir nas listagens internacionais, já que no mundo a Transparency International é a instância que publica o único ranking de corrupção mundial e que trabalha com a ONU.
3. Está fora de questão que é essencial todo o esforço purificador no sentido da verdade, da justiça e da transparência, isto é, verdade partilhada. Mas não existam dúvidas que tal como os valores fundamentais que dão sentido à vida não surgem por decreto, assim também o fim da corrupção não é algo que brote pela negativa (penalização do corrupto) mas pela consciência da ética e do dever de viver com os outros. Há raízes mais profundas que organizações ou decretos.
Alexandre Cruz