domingo, 18 de outubro de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 153

BACALHAU EM DATAS - 43


Inácio Cunha


VAI EM NOME DE DEUS... E DO ESTADO NOVO!

Caríssimo/a:

1945 - «Fruto do plano de construção de navios-motor de madeira, foram lançados à água, no ano de 1945, ao navios do “tipo CRCB”: CAPITÃO FERREIRA, JOÃO COSTA, INÁCIO CUNHA, LUTADOR, ELIZABETH e ANTÓNIO COUTINHO, construídos pelos irmãos Mónica , na Figueira da Foz e na Gafanha da Nazaré, aos quais se juntariam unidades de características diferentes – o lugre-motor VIRIATO, e os arrastões em ferro e a motor JOÃO ÁLVARES FAGUNDES e PEDRO DE BARCELOS, saídos das carreiras dos estaleiros da CUF.» [Oc45, 113]

«Depois de um interregno em que os dois estaleiros de Manuel e António Mónica se dedicaram a outro tipo de construções em madeira e aço, em 1945 voltam a inserir-se no plano de renovação da frota, mais concretamente na construção de navios-motor do “tipo CRCB”. Em Abril desse ano, desceu as carreiras do estaleiro de Manuel Maria Mónica, o INÁCIO CUNHA, encomendado pela empresa Testa & Cunhas. Foi considerado pelo Diário de Lisboa como um navio “de linhas elegantes, a mais sóbria unidade construída nos estaleiros Mónica”. O INÁCIO CUNHA foi o primeiro navio do “tipo CRCB”, na linha do COMANDANTE TENREIRO e BISSAYA BARRETO (construídos em 1943, por Benjamim Mónica nos estaleiros da Murraceira), dentro do plano concebido pelo Ministério da Economia, a possuir dois castelos (elevações sobre o convés) e mastros de aço, o mais completo até então construído em madeira. Possuindo os aperfeiçoamentos mais modernos, incluindo telegrafia e telefonia, todas as comodidades e sistemas de segurança foram contemplados para os 63 marinheiros. Dispondo de 53 m de comprimento e de um motor de 535 CV, deslocava 950 t, a capacidade de carga atingia as 720 t de bacalhau, o convés era duplo e estava provido de um castelo para arrumação dos dóris.» [Oc45, 117 e 118]

«Decorria ainda o ano de 1945 e um outro elemento da família Mónica, Alberto de Matos Mónica, lançava à água, nos seus próprios estaleiros, o VIRIATO, sob encomenda dos Armazéns Luís da Costa & C.ª L.da, de Lisboa. Deslocava 900 t, tinha 52 m de comprimento, estava dotado de um motor de 480 CV e de todos os requisitos modernos.» [Oc45, 118]

«A 20 de Dezembro de 1945, efectuou-se o bota-abaixo destes dois navios onde o mestre construtor naval Benjamim Mónica foi auxiliado, devido às más condições climatéricas, pelo seu irmão Manuel Maria Bolais Mónica. Ao cortar o cabo do JOÃO COSTA, o Comandante Henrique Tenreiro não hesitou em bem-fadar o navio: - “Vai em nome de Deus e do Estado Novo”. As novas unidades chamar-se-iam CAPITÃO FERREIRA e JOÃO COSTA, a primeira para a Atlântico Companhia Portuguesa de Pesca, L.da e a segunda para a Sociedade de Pesca Luso-Brasileira, L.da. A sua construção foi iniciada após o bota-abaixo dos barcos BISSAYA BARRETO e COMANDANTE TENREIRO. Estas duas novas unidades tinham cerca de 53 m de comprimento, deslocavam 1500 t brutas cada e possuíam motores ingleses de 660 CV. Perante os resultados auspiciosos obtidos com estas quatro unidades, os agora Estaleiros Navais do Mondego, L.da, cujo accionista principal era a Lusitâinia Portuguesa de Pesca, e como gerente técnico Benjamim Mónica, podiam alargar a sua esfera de acção, tanto mais que possuíam licença para construções em ferro desde 1943.» [Oc45, 116]

Manuel

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