1. Decorreu a 15 de Outubro na reitoria da Universidade de Lisboa o Colóquio Crise de Civilizações – Ciclo de Reflexão sobre grandes temas da actualidade. Especialistas nacionais de vários âmbitos abordaram a questão de fundo das civilizações ao longo dos tempos e a pertinência de nos dias de hoje serem relançadas um conjunto de questões que procurem clarificar ideias em ordem a iluminar as práticas. Muitos autores reconhecidos ao longo dos séculos procuraram compreender toda a rede de interacções filosóficas, sociais e culturais de modo a se poder atribuir a noção de civilização. Não sendo a questão totalmente pacífica, poder-se-á dizer que da antiguidade até à actualidade, muitas civilizações portadoras de um conjunto identificado de valores, princípios e práticas foram existindo.
2. Lançar hoje o olhar sobre as civilizações, para algumas visões menos procuradoras da verdade da humanidade, até poderá parecer arcaico, não fazendo sentido. O certo é que cada ano que passa o assunto vai em crescendo e também as conjunturas de crise social reforçam a pertinência de se pensar sobre as civilizações. São hoje várias as obras que ora anunciam o fim da história e a crise da civilização humana ora procuram mergulhar nas raízes do Ocidente, querendo atribuir à civilização ocidental desígnios de superioridade comparativamente a outras quer de hoje quer de outros tempos. Essas obras que recentrem o pessimismo ou afirmem um pretensiosismo não conseguem manter o equilíbrio em terrenos tão delicados. Considere-se que nem o ocidente actual é o melhor nem o pior dos mundos e a atribuição contínua de “crise” também manifestará esse travão do comodismo delicioso que estagna.
3. Não será novidade, mas um alerta vindo de quem estuda estas matérias: a responsabilidade das comunicações sociais é vital. É grave, no que às culturas, civilizações e religiões se refere, observar-se tantas vezes tratamentos tão simplistas sobre matérias essencialmente complexas. Sinal (menor) de civilização?!