Madre Teresa
O tesouro mais valioso é a pessoa humana
A maior aspiração da pessoa humana é alcançar o tesouro mais valioso da sua vida. Como o jovem rico de que fala o Evangelho. Faz tudo o que está ao seu alcance. Comporta-se segundo as regras do tempo: no campo social, económico, familiar e religioso. É íntegro e honesto em tudo e para com todos. Mas algo lhe falta.
Corajoso, vence as resistências interiores e parte à procura. Confiante, corre para o caminho por onde Jesus passava. Ousado, aproxima-se e reconhece a excelência de quem lhe pode valer. Humilde, abre o coração, expondo a sua preocupação inquietante: Que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?
Este jovem “habita” em nós e manifesta-se de vez em quando. A sensação de que algo importante nos falta: a cura de certas feridas psicológicas e espirituais, a realização de sonhos apaixonantes, a capacidade de “segurar” o eterno da vida que vai escapando e nos convida a alargar os horizontes de Infinito.
A corrida do jovem é também nossa. Há urgência de obter resposta, de encontrar o que se pretende, de saborear o que tanto se deseja. De contrário, a insatisfação abre as “fendas” do mal-estar, da ansiedade e frustração.
“Um coisa te falta” – adianta Jesus na sua proverbial sabedoria.
Falta-lhe rever a sua relação com os bens a fim de ser livre. Falta-lhe abrir-se aos pobres e ser compassivo e solidário. Falta-lhe aceitar que por esta relação passa a sua realização pessoal definitiva. “Vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres” e terás o tesouro definitivo da tua vida.
Ser livre é saber gerir os bens e não se deixar possuir por eles. É saber ser seu dono e não se sujeitar à sua tirania. É saber trabalhar com honradez e viver com sobriedade, abrir-se aos outros em sintonia afectiva, fazer suas as necessidades alheias e ajudar a minorá-las, sempre que possível.
Ser livre é cortar as “amarras” com que os bens prendem os seus possuidores e progressivamente os desumanizam. Ser livre é disponibilizar-se para servir em qualquer circunstância, amar os feridos e amargados, e progredir com eles nos caminhos de libertação.
O tesouro maior da humanidade e da Igreja é o coração liberto, a inteligência desinibida e peregrina da verdade, a vontade firme e persistente na prática do bem. O tesouro mais valioso é a pessoa humana, chamada à plenitude do seu ser e conviver, que encontra em Jesus Cristo o modelo da sua auto-realização.
Georgino Rocha