Alexandre Cruz
Fronteiras abertas exigem
responsabilidades abertas
responsabilidades abertas
Integrada nas Jornadas de Outubro do Movimento de Schoenstatt, teve lugar no sábado, 17, no Centro Tabor da Colónia Agrícola da Gafanha da Nazaré, uma conferência sobre a Encíclica de Bento XVI, “Caridade na Verdade”. O conferencista convidado, Alexandre Cruz, doutorando em Ciências da Educação e Provedor do Estudante na Universidade de Aveiro, esclareceu que, ao olhar este documento pontifício, viu nele novos caminhos de Deus para enfrentarmos os desafios do futuro.
Depois de saudar o Movimento de Schoenstatt que está já a celebrar o Jubileu dos 50 anos da sua entrada em Portugal, Alexandre Cruz lembrou a universalidade da mensagem do Padre Kentenich, bem patente naquela “casinha de oração” que se habituou a ver desde há anos, o Santuário que é réplica do original, repetido em vários cantos do mundo, “neste tempo de globalização”.
“O mundo – referiu – é uma grande casa onde todos somos acolhidos e convidados a ouvir as vozes dos tempos e da própria Igreja, que actualiza, para cada época e situação, a melhor resposta às inquietações humanas.”
O conferencista frisou que o negativo, patente em todos os telejornais e noticiários, “não é o melhor caminho para o nosso mundo”, enquanto chamou a atenção dos participantes nas Jornadas para a necessidade de todos, em Igreja, “repensarmos a fé nos dias de hoje”.
A caridade de que Bento XVI nos fala, na encíclica “que irrita”, segundo o padre e poeta Tolentino Mendonça, não faz lembrar o passado, “cheirando a mofo”, mas torna patente “os valores da solidariedade em espírito divino”, na linha do amor proposto por São Paulo, para “tornar o mundo melhor”.
Alexandre Cruz disse que a “solidariedade é insolidária” quando esconde ou tem segundas intenções, sendo garantido que as pessoas “sabem distinguir o bem do mal. Urge, por isso, viver “uma fé pensada”, diferente naturalmente da tradicional, quantas vezes “sem sentido”.
“Caridade na Verdade”, a primeira encíclica do actual Papa dedicada à questão social, vem recomendar, a todos os católicos e a todos os homens e mulheres de boa vontade, que a Igreja tem de apresentar “um novo rosto para os novos tempos”, apoiando-se no princípio de uma “justiça do bem comum”, capaz de “gerar pontes de diálogo” entre todos os parceiros sociais e entre todas as pessoas.
“O que eu sou deve orientar o que faço”, na busca de novas soluções para as inquietações humanas, tendo em conta que “problemas globais precisam de respostas globais”, porque “o planeta não tem muros”, adiantou o conferencista.
Defendeu, seguindo o texto papal, que o “governo da globalização” deve fomentar o desenvolvimento, “dando a cada um o que lhe é preciso”. “Não se pode promover o desenvolvimento para, mas com…”, disse.
Considerando que “fronteiras abertas exigem responsabilidades abertas”, Alexandre Cruz mostrou como o desconhecimento das realidades pode “gerar a intolerância”, adiantando que a superação das fronteiras “é um dado não só material, mas cultural”.
Recordou que a maior herança que recebemos está centrada nos valores, os quais devem propor, a cada momento, “a colaboração fraterna entre crentes e não-crentes”, num trabalho conjunto “pela justiça e paz da humanidade”. “Se usarmos um diálogo beato com o mundo, ninguém nos ouve”, afirmou.
Garantiu que a razão é importante no diálogo com a fé e que os fenómenos das migrações precisam de atenções redobradas, tendo em consideração que o desenvolvimento humano tem de ser integral, apoiando-se na verdade e na caridade, que é amor recebido e dado.
“Sem Deus, o homem não sabe para onde ir e não consegue compreender quem é; temos de nos conhecer bem para descobrirmos os nossos caminhos de verdade”, concluiu Alexandre Cruz.
Fernando Martins