O Outono
O Verão, esmorecido,
Do Outono se despediu!
Agora, outro colorido
A Natureza vestiu!
O Outono pachorrento
Com seus matizes de cor
Abre a porta, à chuva, ao vento
E à paleta do pintor!
,
Este ano, o Outono chegou, suavemente, sem se ter feito anunciar por nenhum cataclismo meteorológico. Uma temperatura amena, muito agradável, tem presenteado aqueles que se deslocam, para estas paragens nas suas obrigações profissionais. Os resquícios de um Verão moribundo, a teimar em lembrar-nos as férias passadas e já gozadas, numa saudosa recordação.
No nosso clima temperado, com marcada influência atlântica, temos a sorte de assistir a uma transição suave entre as várias estações do ano, apesar de essa passagem ser cada vez mais diluída. As consequências nefastas do aquecimento global, resultantes do efeito de estufa, estão aí, bem patentes nas alterações climáticas que afectam o planeta. Não há uma separação nítida entre as quatro estações e por vezes acontecem fenómenos desgarrados, em épocas inadequadas.
Mas o Outono entrou no calendário e alguns sinais típicos desta estação, já se fizeram sentir. As primeiras aragens frescas com arrefecimento nocturno acentuado, o início do cair da folha.
Por alguma razão de sentido, chamam os Americanos, de forma poética, ao Outono, The Fall! A canção dos verdes anos, de 1970, “,Spring Summer Winter and Fall” cantada por Demis Roussos e sua banda, é uma nota nostálgica nesta estação que ora iniciámos.
É neste prelúdio de cor, que a natureza começa a vestir-se de tons dourados, acobreados e ocres, ostentando um manto de tons quentes e apelativos.
Desde cedo que fui ouvindo falar da magia do Outono, em que os artistas encontram a sua inspiração máxima. Pintores, poetas e pessoas comuns sentem esse envolvimento e esse chamamento à reflexão, à meditação numa nostalgia que, por vezes, é avassaladora.
É a altura em que o aconchego do lar tem mais pertinência e as pessoas se congregam em convívios familiares, e/ou tertúlias, em que tudo serve de pretexto para um apetecível serão, à lareira!
E... com o Outono chegam as saborosas e sempre bem acolhidas castanhas, expoente máximo da gastronomia sazonal. “Quentes e boas” é o pregão que se ouve, nas nossas ruas, ao entardecer, aliado a um aroma adocicado e quente que perfuma a atmosfera que respiramos.
Com o recolhimento antecipado, pela diminuição crescente dos dias, saboreia-se mais o conforto do lar e o convívio em família.
O homem, que neste contexto, segue o exemplo da formiga laboriosa, também se esfalfa no Verão, para usufruir na estação mais dura, o conforto e a paz do seu lar!
E vivam os serões, em boa companhia, a degustar castanhas assadas e a declamar os poetas da nossa preferência!
Mº Donzília Almeida
23.09.09