Era uma alegria o início do ano lectivo
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Era o título de um texto do compêndio de Francês, do ensino liceal, em meados do século passado. Na altura em que se aprendia a valer e se ensinava por gosto, era uma alegria o início do ano lectivo.
Os alunos que prosseguiam estudos, iam rever os seus colegas de anos anteriores, saborear momentos de agradável convívio, camaradagem, sem os meios sofisticados e apelativos de que a Escola de hoje dispõe. A escola era o local das aprendizagens para a vida, a todos os níveis, não tinha a dimensão de recreio alargado que hoje lhe querem atribuir! Bons velhos tempos, que nada dizem a estas gerações do fast food, para quem o papel higiénico brota da parede e os frangos de aviário saltam directamente do supermercado para o prato, sem sequer terem passado, por um campo, onde pudessem esgaravatar! Este termo é desconhecido da maior parte dos nossos jovens, que noutros tempos até o usavam numa pluralidade de sentidos! Nas Gafanhas de antanho, significava lutar pela vida, procurar o sustento, tal como a galinha faz no chão.
Mas deixemo-nos de saudosismos estéreis e passemos à ordem do dia – La Rentrée, pelo menos para a classe docente que hoje se apresentou nas escolas, retomando o serviço. Hoje em dia, este termo aplica-se a uma série sectores de actividade, demarcando bem o período de interrupção, para alguns, denominado de férias. A palavra soou a música enquanto durou e cada um utilizou esse tempo, da forma que mais lhe aprouve!
Agora, o tempo é de retorno ao trabalho e isso está bem patente por toda a parte: nos hipermercados que têm agora o seu S. Miguel na venda de material escolar. Nas famílias com descendentes em idade escolar, fazem-se contas à vida, revêem-se orçamentos, para que nada falte aos alunos.
Os políticos, regressados de férias redobram esforços, no sentido de angariar simpatizantes e votantes nas eleições que se avizinham. Até o governo, numa tentativa de conquistar as boas graças dos docentes, vem acenando com a promessa generosa de colocar um batalhão de professores que se angustiam com um futuro negro ou o espectro do desemprego. Nunca houve tão grande número de colocações de professores, como promete o ministério, este ano, a um escasso tempo das eleições. Será? Ficam aqui as palavras de Tomé: ver para crer!
Mª Donzília Almeida
01.09.09