MESTRE MÓNICA
Caríssimo/a:
Aproximemo-nos de uma das nossas mais gradas figuras – certamente Mestre Manuel Maria estará entre os “dez mais” da nossa Comunidade.
Sirvamo-nos de duas transcrições da revista «Propaganda Industrial», de 1957.
A primeira pretende ser um retrato tirado na comemoração do “LXX aniversário da fundação dos Estaleiros Mónica”:
«Manuel Maria Bolais Mónica nasceu em Ílhavo em1889, sendo filho do construtor de barcos José Maria Mónica, que durante anos e anos trabalhou afincadamente nos estaleiros de seu pai, em Gafanha, onde, traçando planos de embarcações que, depois de construídas, seguindo sempre a feição tradicionalista, eram lançadas à água. Passava-se isto no tempo em que as fainas se prolongavam pela noite fora e eram iluminadas a archotes de alcatrão.
Em 1910, o Pai Mónica entendeu aproveitar a colaboração dos seus dois filhos, Manuel e António, que deveriam ser os continuadores da sua obra. Foi assim que, apenas com 21 anos de idade, Manuel Maria iniciou a sua carreira de construtor naval em que obteria plena consagração.
Perito na construção em madeira, das suas mãos privilegiadas e competentes, saíram já muitas dezenas de navios de linhas airosas, altos panos e borda firme: traineiras, cargueiros, bacalhoeiros, lugres, rebocadores, lagosteiros, etc..
Construiu o Mestre nos seus estaleiros, até hoje [1957], 85 unidades. Na sua especialidade – construção em madeira – são os Estaleiros Mónica considerados hoje como um dos melhores da Europa, senão o primeiro.
Em 1942, a quando da construção de 6 caça-minas para o Almirantado Britânico (Port PatriK, Port Belo, Port Reath, Port Stanlley, Port Royal e Port Patroch), foram confirmados os seus méritos e a qualidade dos trabalhos ali realizados pelos Engenheiros Dobson, do Almirantado Britânico, e Dicson, dos Loyds de Londres, que, na homenagem prestada ao construtor e seus colaboradores, tiveram palavras de elogio que a modéstia, aqui, não deixa reproduzir.
Mestre Manuel Maria é agraciado pelo Governo da Nação com as insígnias de Mérito Industrial e Cruz de Cristo.
Pretendeu o Mestre iniciar nos seus estaleiros a construção de navios em aço, mas o alvará que lhe foi concedido em 1945 concedia-lhe a respectiva licença, mas a título precário e provisório,sem direito a indemnização. Desgostoso, em 1947, resolveu encerrar o trabalho dos estaleiros, que estiveram paralisados durante cerca de 5 anos, pois só em 1952, a pedido da Parceria Marítima Esperança, reiniciou os seus trabalhos na construção dos navios Ilhavense II e Celeste Maria.
Mestre Mónica para melhor apetrechamento dos seus estaleiros, foi a Inglaterra, onde adquiriu uma doca flutuante de betão armado, para o serviço da frota bacalhoeira do porto de Aveiro, a segunda do País. Esta doca tem o comprimento total de 65,90 m. e a largura máxima de 19,45 m. e permite a docagem da maior parte dos navios entrados neste porto de pesca. [...]
Actualmente tem em construção os seguintes navios: Nau de S. Vicente, para a expansão comercial portuguesa nos estrangeiro; Novos Mares, para a pesca do bacalhau, e Helena Vilarinho, para a pesca de arrasto.
Nos seus estaleiros trabalham presentemente 250 operários especializados, o que nos permite avaliar a grandeza das construções em curso.»
A segunda é um hino:
«Parece-me que respiro melhor, quando vou à Gafanha benzer os barcos de Mestre Mónica. Mas não é só o ar da ria que tem o dom de nos abrir os pulmões. É não sei que fulgor de abundância, de riqueza nacional, de vitorioso progresso que por ali passa e nos bate em cheio no peito. É um milagre de beleza que Mestre Mónica sabe extrair de troncos rudes, de matéria informe. Quando passam os carros a gemer sob o peso morto daqueles pinheiros, quem imagina a elegância e a majestade, a doçura e a força, a maravilha e arte que dali vão sair!
Vai Ilhavense; vai Santa Joana; vai, Santa Mafalda; vai, Avé -Maria, desce imponente a húmida calha, entra nas águas, encanta os mares, recolhe a presa, e depois, ao regresso, entra airosa na barra, ao som da orquestra, ao flutuar das bandeiras, à alegria das multidões!
Sirvamo-nos de duas transcrições da revista «Propaganda Industrial», de 1957.
A primeira pretende ser um retrato tirado na comemoração do “LXX aniversário da fundação dos Estaleiros Mónica”:
«Manuel Maria Bolais Mónica nasceu em Ílhavo em1889, sendo filho do construtor de barcos José Maria Mónica, que durante anos e anos trabalhou afincadamente nos estaleiros de seu pai, em Gafanha, onde, traçando planos de embarcações que, depois de construídas, seguindo sempre a feição tradicionalista, eram lançadas à água. Passava-se isto no tempo em que as fainas se prolongavam pela noite fora e eram iluminadas a archotes de alcatrão.
Em 1910, o Pai Mónica entendeu aproveitar a colaboração dos seus dois filhos, Manuel e António, que deveriam ser os continuadores da sua obra. Foi assim que, apenas com 21 anos de idade, Manuel Maria iniciou a sua carreira de construtor naval em que obteria plena consagração.
Perito na construção em madeira, das suas mãos privilegiadas e competentes, saíram já muitas dezenas de navios de linhas airosas, altos panos e borda firme: traineiras, cargueiros, bacalhoeiros, lugres, rebocadores, lagosteiros, etc..
Construiu o Mestre nos seus estaleiros, até hoje [1957], 85 unidades. Na sua especialidade – construção em madeira – são os Estaleiros Mónica considerados hoje como um dos melhores da Europa, senão o primeiro.
Em 1942, a quando da construção de 6 caça-minas para o Almirantado Britânico (Port PatriK, Port Belo, Port Reath, Port Stanlley, Port Royal e Port Patroch), foram confirmados os seus méritos e a qualidade dos trabalhos ali realizados pelos Engenheiros Dobson, do Almirantado Britânico, e Dicson, dos Loyds de Londres, que, na homenagem prestada ao construtor e seus colaboradores, tiveram palavras de elogio que a modéstia, aqui, não deixa reproduzir.
Mestre Manuel Maria é agraciado pelo Governo da Nação com as insígnias de Mérito Industrial e Cruz de Cristo.
Pretendeu o Mestre iniciar nos seus estaleiros a construção de navios em aço, mas o alvará que lhe foi concedido em 1945 concedia-lhe a respectiva licença, mas a título precário e provisório,sem direito a indemnização. Desgostoso, em 1947, resolveu encerrar o trabalho dos estaleiros, que estiveram paralisados durante cerca de 5 anos, pois só em 1952, a pedido da Parceria Marítima Esperança, reiniciou os seus trabalhos na construção dos navios Ilhavense II e Celeste Maria.
Mestre Mónica para melhor apetrechamento dos seus estaleiros, foi a Inglaterra, onde adquiriu uma doca flutuante de betão armado, para o serviço da frota bacalhoeira do porto de Aveiro, a segunda do País. Esta doca tem o comprimento total de 65,90 m. e a largura máxima de 19,45 m. e permite a docagem da maior parte dos navios entrados neste porto de pesca. [...]
Actualmente tem em construção os seguintes navios: Nau de S. Vicente, para a expansão comercial portuguesa nos estrangeiro; Novos Mares, para a pesca do bacalhau, e Helena Vilarinho, para a pesca de arrasto.
Nos seus estaleiros trabalham presentemente 250 operários especializados, o que nos permite avaliar a grandeza das construções em curso.»
A segunda é um hino:
«Parece-me que respiro melhor, quando vou à Gafanha benzer os barcos de Mestre Mónica. Mas não é só o ar da ria que tem o dom de nos abrir os pulmões. É não sei que fulgor de abundância, de riqueza nacional, de vitorioso progresso que por ali passa e nos bate em cheio no peito. É um milagre de beleza que Mestre Mónica sabe extrair de troncos rudes, de matéria informe. Quando passam os carros a gemer sob o peso morto daqueles pinheiros, quem imagina a elegância e a majestade, a doçura e a força, a maravilha e arte que dali vão sair!
Vai Ilhavense; vai Santa Joana; vai, Santa Mafalda; vai, Avé -Maria, desce imponente a húmida calha, entra nas águas, encanta os mares, recolhe a presa, e depois, ao regresso, entra airosa na barra, ao som da orquestra, ao flutuar das bandeiras, à alegria das multidões!
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Aveiro, 5 de Abril de 1957
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Aveiro, 5 de Abril de 1957
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+ João Evangelista,
Arcebispo-Bispo de Aveiro»
Manuel
Arcebispo-Bispo de Aveiro»
Manuel