quinta-feira, 25 de junho de 2009

Ruas da Gafanha da Nazaré: Alameda D. Manuel II


D. Manuel II foi o único rei português 
que passou pela Gafanha da Nazaré

Tanto quanto sabemos, D. Manuel II, o último rei de Portugal, foi, provavelmente, o único soberano português a passar pela Gafanha. Mereceria, por isso, ter uma rua com o seu nome. Porém, houve uma razão muito mais forte para que os nossos autarcas dele se lembrassem, já que foi D. Manuel II quem assinou o decreto da criação da freguesia da Gafanha da Nazaré, em 23 de Junho de 1910. Em 5 de Outubro, como é sabido, foi implantada a República, exilando-se o rei em Inglaterra, sem resistência, ao jeito de quem aceita as circunstâncias. 
Sua própria mãe, a rainha D. Amélia, tê-lo-á acusado de falta de empenho na luta pela causa monárquica. Mas a sua atitude também é vista como a de um homem que soube pôr os interesses da Pátria acima dos interesses pessoais. 
A Alameda D. Manuel II é fácil de localizar. Seguindo pela Rua João XXIII, a Alameda dá acesso ao novo mercado da Gafanha da Nazaré. E já agora, permitam-nos que lembremos aqui a pertinência de uma outra homenagem ao rei que, mesmo destituído do trono, nunca deixou de amar Portugal e os portugueses. Merecia ele, na nossa óptica, numa qualquer praça que venha a nascer na nossa terra, um simples busto, sublinhando-se que foi a sua assinatura que determinou a criação da freguesia. 
D. Manuel II visitou Aveiro em 27 de Novembro de 1908, já lá vai mais de um  século. Depois, deslocou-se à Barra de automóvel, “acompanhado pela sua comitiva e por muitas outras pessoas, que se deslocavam, quer em automóveis, quer em carruagens, indo «á frente do cortejo um verdadeiro exercito de cyclistas»”, como recorda Armando Tavares da Silva, no seu livro “D. Manuel II e Aveiro – Uma Visita Histórica (27 de Novembro de 1908)”. 
Esteve no Forte da Barra, onde embarcou num barco saleiro, que o transportou até Aveiro. E na sala das sessões da Câmara, “El-Rei poz ao peito do barqueiro Antonio Roque, da Gafanha, uma medalha de mérito, phylantropia e generosidade, abraçando-se ambos enternecidamente”, como recorda Armando Tavares da Silva, no seu livro já aqui citado. Esta referência a um gafanhão, que foi homenageado por D. Manuel II, merece que alguém tente descobrir quem era este nosso concidadão, provavelmente o único a ser distinguido por um rei português.

Fernando Martins

2 comentários:

  1. Durante a 1º Guerra Mundial D. Manuel II procurou de alguma forma mitigar o sofrimento dos soldados expedicionários portugueses a quem enviava frequentemente tabaco e outoros artigos raros naquele ambiente de guerra. Teria sido um rei de bom carácter, suponho, não tivesse eclodido a república.

    João Marçal

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  2. Meu caro João

    O tabaco que D. Manuel ofereceu aos soldados portugueses fez-me lembrar o vício que ele tinha. Era um fumador inveterado. De tal forma, que talvez tenha sido isso que o levou à morte. Os Braganças sofriam muito da garganta. Ainda hoje D. Duarte tem essa fragilidade. Uma inflamação forte obstruiu-lhe a garganta, provocando-lhe a morte por asfixia...
    Também tenho muita simpatia por este rei...

    Um abraço

    Fernando Martins

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