1. Há dias o programa de entrevista Diga Lá Excelência convidou o director geral da TVI, José Eduardo Moniz. Para além das novelas geradas pelo jornal de sexta-feira e das “perseguições” à classe política ou da ex-futura candidatura sua à presidência do Benfica, falou-se da realidade da televisão em Portugal, ou não fosse Moniz um dos senhores mais poderosos da TV. Talvez a melhor síntese que se possa apresentar seja a de que, no limite, não valerá a pena termos grande ilusões ou grandes esperanças quanto ao papel das comunicações sociais, especialmente a televisão (?), nomeadamente no que se refere à sua esperada função pedagógica. É certos que as fronteiras da comunicação não tão fáceis de discernir… Mas a televisão que tem como critério o dar o que as gentes gostam fica bem aquém da sua função e missão.
2. Percebe-se o gosto da polémica geradora de audiência e o desejo, então, do contraditório clarificador. Tudo está previsto e tudo é estudado nos (melhores?!) referenciais do marketing do império da comunicação… Enquanto vai decorrendo o contraditório e o esclarecimento, a audiência vai estando garantida, a publicidade pesa mais e o comercial vai-se distanciando a anos-luz da ética. Na avaliação de programas como o Big Brother ou Morangos com açúcar, confirmamos este critério como valor absoluto. Talvez possa parecer ingenuidade o confiar-se e esperar-se frutos efectivos de uma Entidade Reguladora para a Comunicação Social; nos anos da sua vida, em quantos casos e situações conseguiu iluminar os critérios em ordem, por exemplo, à violência não ser uma quase-constante nas televisões?
3. Um alerta, volta e meia, vem do maior país das comunicações, os Estados Unidos: a vida social e as próprias as escolas são assaltadas com violência e criminalidade que quase reflectem filmes de alto espectáculo… Haverá algo que as entidades devidas ou as direcções editoriais poderão fazer? Quando?
Alexandre Cruz