“Mais vale um vizinho à mão,
que no estrangeiro um irmão!”
Traduzido neste aforismo popular, está sintetizado o valor precioso de uma boa vizinhança.
Num mundo em que a globalização tende a afastar as pessoas em vez de as unir, o que é verdadeiramente um paradoxo, tem muito sentido este revivalismo de valores antigos. Ouvi na rádio que hoje, Dia do Vizinho, um casal, em Lisboa, teve a ideia genial de oferecer um chá aos vizinhos. Brilhante! Fantástico! Aqui se pode inferir como o ser humano tem potencialidades e uma criatividade fora do comum. Na verdade, quando o homem quer, quando o homem sonha, a obra nasce. Arranjar um motivo, um argumento para se estreitarem laços com as pessoas que nos cercam, começando pelos nossos vizinhos, é de louvar, aplaudir e incrementar.
Eu, que vinha inopinadamente a conduzir o meu carro para o local de trabalho, ouvi, digeri e planeei pôr em prática essa iniciativa. Não que tenha qualquer desaguisado com os vizinhos, mas, o stress da vida actual, a luta desenfreada pela sobrevivência a todos os níveis, retiram-nos, muitas vezes o tempo e a disponibilidade para darmos dois dedos de conversa ao próximo. E...é tão salutar a boa relação com ele! Tão frutuoso este convívio!
Quem tem dificuldades, no relacionamento com os seus pares, ali ao lado, tê-las-á, a um nível mais alargado, no universo dos seus contactos humanos.
Vivemos numa era de isolamento de ensimesmamento em nós, criaturas sociáveis e comunicativas. A vida agitada que levamos propicia a este isolamento a este divórcio dos valores primordiais da nossa existência de seres gregários. Estamos a assistir a um retrocesso nos valores civilizacionais, a uma perda de raízes...a um regresso à barbárie!
Recordo ainda os tempos em que, nestas terras das Gafanhas, no ainda recente século passado, todas as pessoas se saudavam na rua, quer fossem vizinhos, quer não. Aí, tinha sentido dizer-se que a Gafanha era uma aldeia global, em que toda a gente se conhecia e comunicava. Era saudável esta forma de viver que afastava dos seus membros, as enfermidades dos tempos modernos que hoje nos avassalam, tal como a depressão. Não havia terreno fértil para deixar germinar estas “pragas”. A boa relação, o diálogo a comunicação entre as pessoas eram o melhor antídoto para elas.
Viva a vida, a comunicação, a boa vizinhança!
Hoje mesmo, à hora do 5 o’clock tea, terei o prazer de confraternizar com os meus vizinhos e saborear um delicioso chá verde!
M.ª Donzília Almeida