Incentivar a Participação
1. Sabe-se como é essencial, e pedagogicamente importante até como verdade democrática, a participação. Mas muitas vezes tem-se medo dela, pois pode ser desinstaladora de paradigmas cristalizados. Quantos regimes sociopolíticos e/ou determinadas estruturas institucionais dizem-se arautos da participação mas, efectivamente, quando ela dá frutos surpreendentes ao modelo pré-existente o cenário fica sem resolução… Claro que não se pretenderá uma participação qualquer, desarticulada, que possa gerar efeitos contraproducentes, mas o discernir dos essenciais. A participação terá de possuir uma dose de racionalidade para ser eficaz. Mas, e talvez nos tempos que correm seja mesmo o essencial, pretender-se-á, ainda que como aguilhão despertador, que a participação vença a indiferença.
2. Os tempos que correm, de tão pródigos em termos de tecnologias de informação e comunicação, e mesmo que na verdade de outras novas formas de participação on-line, dão a conhecer uma era apressada e desgarrada em termos de fecundidade de comunicação entre as pessoas. Não será juízo de valor o observar-se que com um certo desmoronamento da instituição familiar, com o défice dessa imprescindível escola informal e familiar de valores (onde se aprende sem códigos legais a agradecer e a desculpar), a participação como valor cívico acaba por sofrer os próprios efeitos colaterais. A participação como fenómeno social mais amplo está umbilicalmente ligada à informalidade da educação diária.
3. Os que vão liderando processos e organismos humanitários (como o presidente da AMI, Fernando Nobre) vão gritando “contra a indiferença”. Caberá a todas as escolas de saber, das formais às informais (de que destacamos um projecto com 20 anos, Movimento de Voluntariado Diocesano Vida Mais), estimular pela positiva à participação, esta que poder gerar dinamismos mais proactivos e ampliadores na co-responsabilidade.
Alexandre Cruz