Quando certa vez Santo António entrou numa cidade em serviço de pregação, o senhor fidalgo que lhe deu poisada, assinou-lhe aposentos retirados, a fim de não o perturbarem no estudo e oração.
Ora, estava o Santo recolhido e só em seus aposentos, estando o senhor fidalgo, discorrendo pela casa a tratar da sua vida, adregou passar perto, e levado por devota curiosidade espreitou para dentro, a escondidas, por uma fresta que abria mesmo no lugar onde o Santo descansava. E o que haviam de ver seus olhos! Um Menino mui formoso e alegre nos braços de Santo António, e o Santo a contemplar-lhe o rosto, a apertá-lo ao peito e a cobri-lo de beijos.
Ficou maravilhado o fidalgo com a formosura do Menino, e todo se espantava não atinando como explicar donde teria vindo para ali criança tão graciosa e bela.
E o Menino que outro não era senão o Senhor Jesus, revelou a Santo António que seu hospedeiro o estava espreitando.
Pelo que Santo António depois de findar a longa oração, chamando o senhor fidalgo humildemente lhe pediu e instou que, enquanto ele vivo fosse, a ninguém descobrisse a visão que espreitara.
E só depois da morte do Santo, o senhor fidalgo com lágrimas santas contou o milagre que seus olhos indiscretos haviam contemplado.
Em louvor de Cristo. Ámen.
Florilégio Antoniano
Neste Natal
Neste Natal de 2008
gostaria de me colocar
na posição do hospedeiro
a espreitar
o presépio do mundo...
e ver os meus Amigos/as
a brincar com o Menino.
Manuel Olívio