quarta-feira, 4 de junho de 2008

Paira sobre nós a ameça dos famintos...

No comício da esquerda, que se realizou ontem, em Lisboa, Manuel Alegre, do PS, afirmou que "a pobreza é uma tragédia, não é uma fatalidade como a direita quer fazer crer, mas um problema estrutural que resulta de um esquema económico". Com a crise económica a bater a todas as portas, gerando cada vez mais pobres entre nós, muitos deles com vergonha e sem capacidade para se assumirem como carentes do essencial para uma vida digna, não têm faltado organizações de todos os quadrantes, políticos e civis, a clamarem por soluções rápidas que minimizem a situação de pobreza de muitos. Como sempre, neste país de brandos costumes, não falta a solidariedade de bastantes portugueses, mas o mais importante, que é descobrir respostas políticas eficazes, continua na arca das coisas adiadas. Ontem vi na SIC Notícias um velho revolucionário e idealista, Miguel Tavares Rodrigues, a falar com entusiasmo das suas experiências e dos seus sonhos. Mas também lhe ouvi um chavão conhecido há muito: só o povo é que faz as revoluções. Obviamente, o povo que sofre, que passa fome, que sente a opressão, que vive escravizado, que é espezinhado nos seus direitos, que não vê no sistema económico respostas para os seus dramas. É certo que vivemos numa democracia estabilizada, mas injusta, que pertencemos à UE, organização que tem por missão sanar ou evitar conflitos, que quer o progresso económico e o bem-estar de todas os europeus. Mas nada nos garante que o século XXI seja um século sem revoluções, sem contestações em massa. Há meses, o general Garcia Leandro denunciou que já tinha sido “convidado para encabeçar um movimento de indignação”, sublinhando que “Os regimes podem renascer. Este regime está gasto.” Dias depois, comentou no meu blogue que queria “apenas alertar com ênfase que é preciso governar com muito mais competência e justiça social.” Ora a chave da questão está aqui: é mesmo preciso governar melhor e com mais justiça social. Enquanto isto não acontecer, é certo e sabido que paira sobre nós a ameaça, legítima, dos famintos e explorados deste país. FM

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