Não é verdade que a maçã podre contamina as maçãs sadias?
Vi hoje, no telejornal, a brutalidade de alunos de uma turma contra um professora. Não eram crianças, mas jovens com idade para terem juízo. À falta de juízo, tinham em dobro os sinais da má educação que receberam, ou espelharam, pura e simplesmente, o mundo em que vivem. Um mundo sem princípios, sem regras e sem respeito pelos mais velhos e pelos professores. Neste caso, por uma professora indefesa.
Tem-se falado muito em educação para a democracia e para a liberdade, mas os resultados estão à vista, com milhares de registos de violência nas escolas, durante o último ano lectivo. Que eu saiba, pouco ou nada se fez de positivo, não obstante o Procurador-Geral da República já ter dito que estes crimes não podem ficar impunes.
Sou do tempo em que o professor era respeitado como um pai. Bem me recordo de ser educado no sentido de cumprir certos rituais com os professores: quando ele entrava na sala, todos se levantavam e em silêncio esperavam sinal para se sentarem; na rua, se estávamos sentados, à passagem do professor todos se levantavam… e por aí adiante. Podem dizer-me que tais atitudes seriam exageradas, mas a verdade é que incutiam em nós hábitos de respeito por quem ensinava.
Com todas as liberdades que se têm dado, liberdades sem peso nem medida, temos jovens (alguns apenas, certamente) capazes de agredir os professores, verbal e fisicamente. Afinal, que sociedade estamos a construir? De liberdades ou de libertinagens? De gente educada ou malcriada? De pessoas respeitadores de valores ou de insurrectos insensíveis ao bem e à verdade? De pessoas de bem ou de diabos à solta? De alunos disciplinados ou indisciplinados?
Eu sei que a maioria dos nossos jovens são alunos educados, cumpridores e respeitadores. Mas também sei que, se não houver medidas que cerceiem a má educação de alguns energúmenos, as escolas poderão transformar-se em antros de violentos e de criminosos. Não é verdade que a maçã podre contamina as maçãs sadias?
FM