DO ENSINO NA GAFANHA
Caríssima/o:
E perguntava-se: «E na Gafanha como seria?»
Como resposta apreciemos esta série de retratos, todos eles carregados de cores muito intensas. Seu autor, o P. João Vieira Resende, aproveitou a «Monografia da Gafanha» para os revelar nas páginas 105 e 106.
«Foi bem acentuado e característico o seu estado de atraso. Quantas vezes para escalpelizar em alguém uma grosseria, uma incorrecção, ou um deslise, se empregava, ou emprega ainda [1944], a apóstrofe:”És um gafanhão!”, como se dissesse:”És um ignorante!”. A frase diz tudo!...
«Concorreu também a Gafanha com o seu pesado contingente para que Portugal, em face das estatísticas oficiais, tenha passado, com verdade, no conceito dos povos e nações civilizadas, como sendo uma das mais atrasadas [...com] legiões e autênticos povoados de analfabetos.
«A Gafanha, tão distanciada dos centros escolares e da instrução, a muitos quilómetros de Aveiro, Ílhavo e Vagos, sem meios de comunicação, reduzindo assim os seus habitantes à crítica situação de uma vida de primários, deveria com toda a justiça, ser olhada com mais atenção, carinho e amor. No entanto não foi assim. Só tarde, mesmo muito tarde, se pensou alguma coisa nesta triste situação.
Caríssima/o:
E perguntava-se: «E na Gafanha como seria?»
Como resposta apreciemos esta série de retratos, todos eles carregados de cores muito intensas. Seu autor, o P. João Vieira Resende, aproveitou a «Monografia da Gafanha» para os revelar nas páginas 105 e 106.
«Foi bem acentuado e característico o seu estado de atraso. Quantas vezes para escalpelizar em alguém uma grosseria, uma incorrecção, ou um deslise, se empregava, ou emprega ainda [1944], a apóstrofe:”És um gafanhão!”, como se dissesse:”És um ignorante!”. A frase diz tudo!...
«Concorreu também a Gafanha com o seu pesado contingente para que Portugal, em face das estatísticas oficiais, tenha passado, com verdade, no conceito dos povos e nações civilizadas, como sendo uma das mais atrasadas [...com] legiões e autênticos povoados de analfabetos.
«A Gafanha, tão distanciada dos centros escolares e da instrução, a muitos quilómetros de Aveiro, Ílhavo e Vagos, sem meios de comunicação, reduzindo assim os seus habitantes à crítica situação de uma vida de primários, deveria com toda a justiça, ser olhada com mais atenção, carinho e amor. No entanto não foi assim. Só tarde, mesmo muito tarde, se pensou alguma coisa nesta triste situação.
«Quando outras povoações, com menos direitos, já eram beneficiadas com escolas e instrução, a Gafanha ficava sempre na retaguarda, entregue a um aturado esquecimento, a um criminoso enquistamento cerebral.
«Até 1880, toda a Gafanha, com um povoamento denso, não tinha uma única escola, e desta data até 1908 só funcionava a escola de 1880, que durante aquele período servia pessimamente, pela sua deslocação, toda a Gafanha ocidental, ou seja as actuais freguesias da Nazaré e da Encarnação e a Gafanha da Boa-Hora (Vagos), numa longitude marginal de cerca de cinco léguas. Era um horror! Já tarde, em 1908, criou-se a segunda escola na Boa-Hora, também afastada e menos necessitada, visto ficar no outro extremo sul da Gafanha, que era e é menos povoada.
«Em 1909 é criada finalmente a terceira escola da Gafanha, na Encarnação, que desta vez ficou mais central[...].
«Mas até esta data, que penúria, que miséria na instrução destes povos!
Foi uma eternidade de obscurantismo naqueles cérebros. [...]
«Erros da política do tempo, retemperada no caciquismo e no favoritismo, dos quais os povos eram sempre o bode expiatório.»
Como se está a ver, a situação não era nada famosa..
Mas continuaremos..
Manuel
«Mas até esta data, que penúria, que miséria na instrução destes povos!
Foi uma eternidade de obscurantismo naqueles cérebros. [...]
«Erros da política do tempo, retemperada no caciquismo e no favoritismo, dos quais os povos eram sempre o bode expiatório.»
Como se está a ver, a situação não era nada famosa..
Mas continuaremos..
Manuel