A MALDIÇÃO
DE S. TOMÉ
Consta que Tomé, duvidando da ressurreição de Jesus, disse: “Se não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito” (Jo 21,25).
Na mentalidade dos tempos modernos, esse episódio ficou resumido no “ver para crer, como S. Tomé” e entranhou tanto na nossa cultura que se converteu em maldição: acreditamos em tudo o que vemos... se passar na televisão.
“Encontraram os ossos de Jesus. Eu vi na televisão” ou “Jesus era casado e teve filhos. Vi num filme”. Afirmações como estas ou parecidas chegam às catequeses e às aulas de EMRC, estão nas conversas dos adultos. Viram, logo acreditaram. O que passa na televisão converte-se em critério de verdade. E de consumo. E de acção. E de preocupação. E só o que passa é que existe.
É preciso dizer que há mais vida e verdade para lá dos interesses, efeitos, montagens, espectáculos e negócios da televisão. É necessário ensinar a desconfiar do que vemos para não ficarmos prisioneiros da maldição involuntária de S. Tomé: ver para crer e acreditar em tudo e só no que se viu.
Jorge Pires Ferreira
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Fonte: Correio do Vouga