terça-feira, 16 de janeiro de 2007

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Violência omnipresente
1. Não há educação (de princípios) que resista! Na tarde de domingo último, por casualidade, alguns minutos de tempo nos sobraram e eis que o “ritual” de ligar a TV foi também o nosso. Seria pelo meio da tarde, em horário nobre de domingo, horas propícias das propostas de programação aliciante para os mais novos. Já sabíamos, e não é novidade para ninguém, que a concorrência feroz, ao segundo, nos nossos canais generalistas, generaliza, precisamente e perversamente, um sensacionalismo de tendências sempre mais fantásticas quanto deseducativas em termos de uma irreverência em que quanto pior (programa) melhor (audiência). Já não tínhamos grandes expectativas. Mas, permita-se-nos a liberdade do “bom senso”, ficámos surpreendidos e perplexos pelo grotesco excesso. Na generalidade dos canais a grande violência reinava no sereno domingo à tarde; e se a violência dos filmes já “faz parte” da vida (temos lamentavelmente de o reconhecer, estamos por tudo!), com os seus impactos negativos, já a violência gratuita e espectacularizada não nos pode deixar indiferentes (pelo menos por agora, até que nos habituemos). 2. Falamos concretamente da luta livre americana. Sabemos que já existe há longos anos esse espectáculo inqualificável, onde a “pancada em cima de pancada”, até partir se for preciso, é o lema. Esse programa há já alguns anos esteve presente no mesmo canal; agora voltou (ao terceiro canal), para semear (que sentimentos?) violência na tarde de domingo. Inqualificável opção de programação de um instrumento admirável que pode ser a TV. No referido programa das lutas de Wrestling, esta uma empresa americana de espectáculos de entretenimento na base da violência, luta-se premeditadamente até haver forças; quase que faz lembrar as lutas das arenas romanas até à morte. Há um quadro grande de lutadores onde droga, escândalo, morte se misturam; para nossa surpresa esses campeonatos nos EUA têm uma proporção impressionante, havendo 14 campeonatos de luta, também de mulheres. Dessa empresa, que vende os seus espectáculos ao mundo sedento, a táctica é declaradamente, com encenação, vender para o público-alvo que são os adolescentes pelos 14 anos e os jovens adultos na casa dos 30. Este é o Wrestling mais "politicamente incorrecto", com linguagem degradante, combate espectacular e violento a ponto de partir braços, pernas, cabeças…mesmo atingindo situações de morte posterior. Essa empresa de entretenimento, desta forma (degradante), superou a sua crise económica recente, vencendo assim a concorrência. Público? Estádio-pavilhão cheio de público eufórico e deliciado (com crianças a assistir ao vivo) a ver os lutadores até ao fim!... 3. Dos filmes aos noticiários, dos game boy às lutas livres, uma sensação de violência omnipresente (on-line) acompanha a história deste tempo, a que se poderá juntar a comunicação social (quando é) sensacionalista. Desta impressão televisiva violenta (consciente ou inconscientemente), a crispação e intolerância passa para os mais novos e desce à escola, à estrada e mesmo à “violência doméstica”. Nesse tal programa americano, no intervalo dizia-se: “Não repita isto em casa”! Não fossem os adolescentes repetirem a experiência dando violentamente na mãe ou no irmão mais novo! Dá vontade de rir, degradante realidade esta que existe e que a concorrência televisiva trás para Portugal como um “doce” de domingo para vencer a “guerra” da audiência. Não há ética, educação, conselho, ideal, visão feliz de mundo, direitos e dignidade humana,… que resista! Andamos a “trabalhar” desnorteados, sem enquadrar as instâncias universais de educação (UNESCO, ONU, …) neste processo de referência da boa LIBERDADE COM REPOSNABILIDADE para sermos HUMANOS, para todas as formas impressionantes de comunicação porem água na sua fervura dos espectáculos da violência. Existem algumas instâncias, nacionais e internacionais, para o efeito, mas… Talvez a proibição (de tudo o que é desumano, indigno e deseduca) terá de fazer parte da liberdade! 4. No ano passado, quando da (mal) designada época dos incêndios as nossas televisões fizeram um pacto de paz, para não transmitir grandes imagens de incêndios nem apresentar “exploração de sentimentos”. Louvável! Mas, apesar de todas as subjectividades nestas realidades, será necessário um pacto transversal de não-violência para as programações televisivas? Ou, descendo à terra de sermos humanos: antes de todas as codificações, não terão os senhores da TV nos seus filhos ou sobrinhos a intuição “daquilo” que será o melhor (ou o menos pior) para uma boa educação dos seus? Terão esta preocupação? Terão eles a percepção da responsabilidade na formação da sociedade do seu canal? Mal vai quando para tudo será necessário códigos (este é o “sinal” evidente de que estamos a distanciar-nos da proclamada “liberdade”). Pelo andar da carruagem, até onde o comboio violento chegará?

Etiquetas

A Alegria do Amor A. M. Pires Cabral Abbé Pierre Abel Resende Abraham Lincoln Abu Dhabi Acácio Catarino Adelino Aires Adérito Tomé Adília Lopes Adolfo Roque Adolfo Suárez Adriano Miranda Adriano Moreira Afonso Henrique Afonso Lopes Vieira Afonso Reis Cabral Afonso Rocha Agostinho da Silva Agustina Bessa-Luís Aida Martins Aida Viegas Aires do Nascimento Alan McFadyen Albert Camus Albert Einstein Albert Schweitzer Alberto Caeiro Alberto Martins Alberto Souto Albufeira Alçada Baptista Alcobaça Alda Casqueira Aldeia da Luz Aldeia Global Alentejo Alexander Bell Alexander Von Humboldt Alexandra Lucas Coelho Alexandre Cruz Alexandre Dumas Alexandre Herculano Alexandre Mello Alexandre Nascimento Alexandre O'Neill Alexandre O’Neill Alexandrina Cordeiro Alfred de Vigny Alfredo Ferreira da Silva Algarve Almada Negreiros Almeida Garrett Álvaro de Campos Álvaro Garrido Álvaro Guimarães Álvaro Teixeira Lopes Alves Barbosa Alves Redol Amadeu de Sousa Amadeu Souza Cardoso Amália Rodrigues Amarante Amaro Neves Amazónia Amélia Fernandes América Latina Amorosa Oliveira Ana Arneira Ana Dulce Ana Luísa Amaral Ana Maria Lopes Ana Paula Vitorino Ana Rita Ribau Ana Sullivan Ana Vicente Ana Vidovic Anabela Capucho André Vieira Andrea Riccardi Andrea Wulf Andreia Hall Andrés Torres Queiruga Ângelo Ribau Ângelo Valente Angola Angra de Heroísmo Angra do Heroísmo Aníbal Sarabando Bola Anselmo Borges Antero de Quental Anthony Bourdin Antoni Gaudí Antónia Rodrigues António Francisco António Marcelino António Moiteiro António Alçada Baptista António Aleixo António Amador António Araújo António Arnaut António Arroio António Augusto Afonso António Barreto António Campos Graça António Capão António Carneiro António Christo António Cirino António Colaço António Conceição António Correia d’Oliveira António Correia de Oliveira António Costa António Couto António Damásio António Feijó António Feio António Fernandes António Ferreira Gomes António Francisco António Francisco dos Santos António Franco Alexandre António Gandarinho António Gedeão António Guerreiro António Guterres António José Seguro António Lau António Lobo Antunes António Manuel Couto Viana António Marcelino António Marques da Silva António Marto António Marujo António Mega Ferreira António Moiteiro António Morais António Neves António Nobre António Pascoal António Pinho António Ramos Rosa António Rego António Rodrigues António Santos Antonio Tabucchi António Vieira António Vítor Carvalho António Vitorino Aquilino Ribeiro Arada Ares da Gafanha Ares da Primavera Ares de Festa Ares de Inverno Ares de Moçambique Ares de Outono Ares de Primavera Ares de verão ARES DO INVERNO ARES DO OUTONO Ares do Verão Arestal Arganil Argentina Argus Ariel Álvarez Aristides Sousa Mendes Aristóteles Armando Cravo Armando Ferraz Armando França Armando Grilo Armando Lourenço Martins Armando Regala Armando Tavares da Silva Arménio Pires Dias Arminda Ribau Arrais Ançã Artur Agostinho Artur Ferreira Sardo Artur Portela Ary dos Santos Ascêncio de Freitas Augusto Gil Augusto Lopes Augusto Santos Silva Augusto Semedo Austen Ivereigh Av. José Estêvão Avanca Aveiro B.B. King Babe Babel Baltasar Casqueira Bárbara Cartagena Bárbara Reis Barra Barra de Aveiro Barra de Mira Bartolomeu dos Mártires Basílio de Oliveira Beatriz Martins Beatriz R. Antunes Beijamim Mónica Beira-Mar Belinha Belmiro de Azevedo Belmiro Fernandes Pereira Belmonte Benjamin Franklin Bento Domingues Bento XVI Bernardo Domingues Bernardo Santareno Bertrand Bertrand Russell Bestida Betânia Betty Friedan Bin Laden Bismarck Boassas Boavista Boca da Barra Bocaccio Bocage Braga da Cruz Bragança-Miranda Bratislava Bruce Springsteen Bruto da Costa Bunheiro Bussaco Butão Cabral do Nascimento Camilo Castelo Branco Cândido Teles Cardeal Cardijn Cardoso Ferreira Carla Hilário de Almeida Quevedo Carlos Alberto Pereira Carlos Anastácio Carlos Azevedo Carlos Borrego Carlos Candal Carlos Coelho Carlos Daniel Carlos Drummond de Andrade Carlos Duarte Carlos Fiolhais Carlos Isabel Carlos João Correia Carlos Matos Carlos Mester Carlos Nascimento Carlos Nunes Carlos Paião Carlos Pinto Coelho Carlos Rocha Carlos Roeder Carlos Sarabando Bola Carlos Teixeira Carmelitas Carmelo de Aveiro Carreira da Neves Casimiro Madaíl Castelo da Gafanha Castelo de Pombal Castro de Carvalhelhos Catalunha Catitinha Cavaco Silva Caves Aliança Cecília Sacramento Celso Santos César Fernandes Cesário Verde Chaimite Charles de Gaulle Charles Dickens Charlie Hebdo Charlot Chave Chaves Claudete Albino Cláudia Ribau Conceição Serrão Confraria do Bacalhau Confraria dos Ovos Moles Confraria Gastronómica do Bacalhau Confúcio Congar Conímbriga Coreia do Norte Coreia do Sul Corvo Costa Nova Couto Esteves Cristianísmo Cristiano Ronaldo Cristina Lopes Cristo Cristo Negro Cristo Rei Cristo Ressuscitado D. Afonso Henriques D. António Couto D. António Francisco D. António Francisco dos Santos D. António Marcelino D. António Moiteiro D. Carlos Azevedo D. Carlos I D. Dinis D. Duarte D. Eurico Dias Nogueira D. Hélder Câmara D. João Evangelista D. José Policarpo D. Júlio Tavares Rebimbas D. Manuel Clemente D. Manuel de Almeida Trindade D. Manuel II D. Nuno D. Trump D.Nuno Álvares Pereira Dalai Lama Dalila Balekjian Daniel Faria Daniel Gonçalves Daniel Jonas Daniel Ortega Daniel Rodrigues Daniel Ruivo Daniel Serrão Daniela Leitão Darwin David Lopes Ramos David Marçal David Mourão-Ferreira David Quammen Del Bosque Delacroix Delmar Conde Demóstenes

Arquivo do blogue

Arquivo do blogue