quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

Armando Ferraz - O último fantocheiro



Armando Ferraz foi um gafanhão humilde que deixou marcas na memória de muitos. Morava ali no canto dos Zanagos, no lugar da Cambeia da Gafanha da Nazaré. Penso que foi, durante toda a vida, um funcionário da JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), onde fazia um pouco de tudo. Recordo que, em data já muito distante, fazia parte da organização da Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, ao tempo da responsabilidade dos trabalhadores da JAPA, instituição que também subsidiava os festejos. Mas era preciso fazer um peditório pela Gafanha da Nazaré e terras vizinhas. E então, recordo o Armando Ferraz que lá andava, com outros colegas do trabalho, de saco às costas e de saca na mão, a pedir de porta em porta para a festa. 
Mais tarde vi quanto o Armando Ferraz gostava de festas populares: participava nas cegadas do Carnaval, nos grupos folclóricos que se iam organizando por isto ou por aquilo, e que logo desapareciam, e noutras festas de sabor popular. Mas onde mais se distinguiu foi como fantocheiro. O cenário próprio da arte, um paralelepípedo com armação de madeira e forrado a pano, os fantoches e suas vestimentas, pintados a seu gosto, e as estórias que entusiasmavam a criançada, tudo era de sua autoria. 
Apreciei-o algumas vezes nas ruas das Gafanhas e nas terras vizinhas, com a sua humildade, a dar alegria aos miúdos de todas as idades; admirei-o a animar festas em instituições vocacionadas para o apoio a crianças; saboreie o seu prazer de trabalhar com os fantoches (que davam pancada que se fartavam, uns nos outros), em Escolas de gente mais nova; soube que foi filmado para a televisão e fotografado para jornais e revistas, e até que foi à Universidade para participar numa qualquer festa. Foi, de facto, o último fantocheiro. 
Depois dele, nunca mais vi nenhum por estes lados. Mas a vida tem destas coisas: a gente humilde cai muitas vezes no esquecimento. Porém, o Armando Ferraz não morreu no coração de muitos gafanhões. Há dias alguém se lembrou dele no meu blogue. Não consegui qualquer fotografia sua a trabalhar como fantocheiro. Mas elas devem andar por aí, de mãos dadas com as suas estórias. Quem souber mais, acrescente ao que aqui fica dito. 

Fernando Martins

5 comentários:

  1. Ola Professor:
    hoje fiquei emocionado com esta 'HOMENAGEM",chamo-lhe eu, a uma figura tao simples e tao castica, que como tu, tive o prazer de conhecer,e que pela sua dedicacao e entusiasmo, deixou a sua marca, nas vidas de quem de perto o conheceu como nos.
    Obrigado por dedicares este teu blog a uma pessoa tao simples,
    mas em meu ver muito merecida.
    Outras personagens nao menos casticas da nossa terra,merecem de igual forma o seu espaco neste magnifico "forum".
    E porque recordar e viver, aqui vai mais uma dica:lembras por certo, tao bem ou melhor do que eu,do "ti Casqueirita", que como o Armando Ferraz se envolvia praticamente em tudo :lembro-me dos ranchos folcloricos,do futebol,e se nao estou em erro foi tambem o dono do primeiro carro de praca como entao era chamado,da nossa terra, e muitas outras coisas que agora nao me veem a mente.
    Talvez num futuro proximo,alguem se debruce sobre a sua historia, para que todos conhecamos melhor essa personagem castica da nossa gente, e nao caia no esquecimento.
    Uma vez mais um sentido obrigado
    pela tua dedicacao.
    Um abraco amigo para todos.
    Nelson P.Calcao

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  2. Ola Professor:
    hoje fiquei emocionado com esta 'HOMENAGEM",chamo-lhe eu, a uma figura tao simples e tao castica, que como tu, tive o prazer de conhecer,e que pela sua dedicacao e entusiasmo, deixou a sua marca, nas vidas de quem de perto o conheceu como nos.
    Obrigado por dedicares este teu blog a uma pessoa tao simples,
    mas em meu ver muito merecida.
    Outras personagens nao menos casticas da nossa terra,merecem de igual forma o seu espaco neste magnifico "forum".
    E porque recordar e viver, aqui vai mais uma dica:lembras por certo, tao bem ou melhor do que eu,do "ti Casqueirita", que como o Armando Ferraz se envolvia praticamente em tudo :lembro-me dos ranchos folcloricos,do futebol,e se nao estou em erro foi tambem o dono do primeiro carro de praca como entao era chamado,da nossa terra, e muitas outras coisas que agora nao me veem a mente.
    Talvez num futuro proximo,alguem se debruce sobre a sua historia, para que todos conhecamos melhor essa personagem castica da nossa gente, e nao caia no esquecimento.
    Uma vez mais um sentido obrigado
    pela tua dedicacao.
    Um abraco amigo para todos.
    Nelson P.Calcao

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  3. Isto de carregar nas teclas erradas da para isto acontecer.......as minhas desculpas pelo posting incompleto.......

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  4. ola....
    queria agradecer por ter feito esta pequena homenagem ao meu falecido avo...
    era um pouco distante dele pois moravamos longe um do outro mas sempre soube o que ele praticamente fazia...e sei que ele fundou um rancho...sei que ele adorava...
    quando era pequena tambem andei num rancho e o meu avô ficou muito contente por seguir um pouco os seus "passos"...

    obrigada do fundo do meu coração....

    abraço de Sónia Lliana Silva Ferraz(neta) e meu pai (e filho de Armando Ferraz) Zacarias Fernando Ferreira Ferraz

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  5. fico muito agradecida ao senhor professor por se ter lembrado duma figura típica popular e de alguém analfabeto mas muito culto da Gafanha da Nazaré como o meu avô, Armando Ferraz.
    se nos quiser contactar deixo aqui o meu mail:
    kanina_patuh@hotmail.com

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