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Penso que em cada cidade há uma Rua Direita, muito torta. Em Aveiro também. Diz-se que se chama assim por nos conduzir mais depressa ao centro. Pode ser...
Um dia destes andei pela Rua Direita da cidade dos canais. A cidade da minha infância e juventude, onde estudei, e da minha idade adulta, onde desempenhei tarefas diversas.
Quando lá vou, com frequência, recordo sempre pessoas e recantos que me fazem reviver casos e pessoas. E confesso que é bom correr o tempo desde a infância até agora, de que guardo indeléveis momentos de satisfação interior.
Na Rua Direita cruzei-me com muita gente conhecida... Os nomes já me escapam, mas os seus rostos são-me familiares e dizem-me qualquer coisa....
Há anos, quando ia a Aveiro, fazia-o, normalmente, por deveres profissionais. Agora vou lá sem pressas, sem programa, sem objectivos muito bem definidos. E talvez por isso, vejo muito mais: gente que passa, exposições que nos convidam a entrar, edifícios com história, estabelecimentos modernos, casas em ruínas, flores nas varandas, ovos moles que apetece saborear, eu sei lá que mais!
Hoje aqui deixo o desafio a andar pela cidade sem rumo certo. Hão-de ver que sabe bem!
Fernando Martins