À espera das cavacas
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SÃO GONÇALINHO DEBATIDO
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“Se o Porto tem o São João e Lisboa o Santo António, por que é que Aveiro não há-de ter o São Gonçalinho como grande festa municipal?”
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A hipótese foi levantada por Capão Filipe nos primeiros encontros de São Gonçalinho, que decorreram na tarde de 25 de Novembro, na antiga Capitania, promovidos pelos Mordomos de São Gonçalinho e a Câmara Municipal de Aveiro.
Quererá o vereador da Cultura da Câmara Municipal de Aveiro relegar para segundo plano Santa Joana Princesa, a padroeira de Aveiro? Tal não foi esclarecido, mas depreendeu-se que não é disso que se trata, porque enquanto a festa da Santa Princesa é popular, mas não tem folia, a do Santo da Beira Mar, genuinamente popular, tem elementos e tradições para ombrear com as outras grandes festas citadinas, ainda que decorra no Inverno (10 de Janeiro).
Os encontros de São Gonçalinho contaram com mais de uma dezena de intervenções, do investigador universitário ao artista, do jornalista ao padre, do que invocou o auxílio e foi atendido ao confrade, tendo iniciado com uma representação da célebre “dança dos mancos” pelo Grupo Cénico Etnográfico das Barrocas.
A verdadeira “dança dos mancos” acontece(?) a hora incerta, dentro da “capela do santinho” e não pode ser filmada ou fotografada, nem presenciada por quem não dance. Na origem da dança, estaria uma forma de mancos genuínos pedirem auxílio ou esconjurarem a sua deficiência. Segundo o investigador Daniel Tércio, trata-se de “um elemento transgressor”, “como se [o mundo] virasse ao contrário”, à semelhança das “festas de loucos” medievais. Tal rito “tem importante sentido comunitário”, diz o investigador.
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Um texto de Jorge Pires Ferreira
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