D. António Francisco dos Santos
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Saudação à diocese de Aveiro
1. In manus Tuas
O Santo Padre Bento XVI, que esta manhã me recebe em audiência concedida aos Bispos reunidos em Congresso, em Roma, decidiu enviar-me para servir, como Bispo diocesano, a Igreja de Aveiro.
Acolhendo com gratidão e espírito de serviço esta missão, o meu coração e o meu olhar voltam-se, a partir daqui e desde já, para cada um de vós, filhos desta Igreja que, agora, passa também a ser minha. Permiti que vos saúde com muito afecto, imensa alegria e plena disponibilidade, manifestando, junto de todos, a minha total vontade de servir.
Apresento-me despojado, sem planos nem programas, animado por um único desejo: escutar o Senhor, anunciar a Sua Palavra, testemunhar o Seu amor, servir como Ele (cf. Mt 20, 28) e, convosco, continuar a construir uma Igreja serva, em nome d’Aquele que sempre Se assumiu como servo (cf. Lc 22, 27).
Reafirmo o propósito assumido na minha eleição para o ministério episcopal: in manus Tuas (Lc 23, 46). Um lema que vim a descobrir ser o mesmo que D. Hélder Câmara esco-lheu quando foi eleito Bispo, em 1952. Como ele, como tantos outros e, sobretudo, como Jesus Cristo, também eu quero, uma vez mais, entregar o meu ser e depositar a minha vida nas mãos do Pai. A Ele me entrego, para vos servir a todos vós.
A alegria que hoje sinto transporta as marcas da surpresa crente que assinalou os caminhos de Abraão, de João Baptista e dos discípulos de Jesus:
— a surpresa do chamamento ao ministério episcopal, num momento doloroso da minha vida de filho, e para trabalhar na tão extensa, dinâmica e amada Arquidiocese de Braga, onde me senti tão bem e tão feliz; e cujo acolhimento agradeço, nas pessoas do senhor Arcebispo Primaz, D. Jorge Ortiga e dos senhores D. Antonino Dias, D. Eurico Nogueira e D. Carlos Pinheiro;
— a surpresa inesperada de ser Bispo diocesano quando dava os primeiros passos neste ministério.Mas não hesitei. Como Isaías, digo: «Eis-me aqui» (Is 6, 8). Como Maria respondo: «Faça-se» (Lc 1, 38). E como Jesus ofereço-me: «Seja feita a Vossa vontade» (Mt 6, 10).
É assim, queridos irmãos da Diocese de Aveiro, que me preparo para ir ao vosso encontro; para ir ao encontro de uma terra com pergaminhos na defesa da liberdade e do desenvolvimento e na edificação de uma Diocese recém-restaurada (1938), sempre servida por Bispos ornados de talento, generosidade e dinamismo apostólico.
Daí que o inicial sentimento de apreensão, perante o chamamento de Deus e a missão que o Santo Padre hoje me confia, seja superado pela força da confiança que em mim nasce ao renovar a minha entrega ao Senhor, fazendo-me eco do lema que escolhi: in manus Tuas.
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Foto cedida pelo Correio do Vouga