domingo, 2 de julho de 2006

Gotas do Arco-Íris – 24

SABES A COR
DA FOLITA? Caríssimo/a: Sempre nos acontece cada uma que nos deixa espantados e a cismar. Então não é que, andando na rega do meu quintal, uma folita resolve pousar na mangueira, ali mesmo junto dos meus dedos; e lá se foi mantendo enquanto tirava a sede a umas hidranjas que estavam com as folhas derreadas; assim se manteve largos minutos; saltou para um arame da parreira mas rápida voltou para o seu poiso. Claro, vem logo à ideia o Francisco de Assis e o sermão aos pássaros. E quantos e quais é que estariam a incomodar o seu repouso? Eu por ali admiro melros (que fartura!), pardais, andorinhas, rolas, pombas, cotovias, serzinos (a que na Murtosa apelidam de gilro-gilro), bicos-de-lacre, alguns pintassilgos, pintarroxos e verdelhões, um que outro milhafre, raras alvéolas, e muitas cegonhas... Imagina que no sábado anterior por ali andava perdida, de bico aberto com fome, uma cria de pega!... Tenho um vizinho que, em épocas de falta de trabalho, se entretém a apanhar os pobres e a prendê-los nas gaiolas... E, para além das nossas velhas e conhecidas palmas e ratoeiras, usa também o visco; é um especialista na matéria. Este ano apareceu com uma palma que me lembrou um outro vizinho muito amigo, o ti Manel Jaquim, que (há quantos anos?!) me fez uma dessas que só armei uma vez: rectângulo de rede com dois paus nos extremos e cordas que fazem com que feche caindo sobre a machuqueira, prendendo os tristes dos passarinhos... Ora como o meu vizinho tem trabalho, a passarada por ali anda livremente, fazendo os ninhos e renovando as espécies com novos caçolinhos ... Os melros eram uma das vítimas preferidas, invariavelmente terminando o crescimento na gaiola, onde os progenitores os iam alimentar; agora é um regalo vê-los a esvoaçar, assobiar e até a beber água nas pias que por lá pomos com essa finalidade. Bem, o pior é que não há fruta que resista: toda picada mal começa a amadurecer! Enfim... Certamente já muitos terão reparado é que as cegonhas alteraram o seu estatuto: de emigrantes passaram a residentes. Continuarão como espécie protegida? A ver vamos... Quanto à nossa folita, ela ainda voltou a pousar na mangueira e por ali andará no seu voo rápido e inconstante, como que a lembrar-nos que as férias são isso mesmo... Manuel

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