Pela mão de Dan Brown, com o romance O Código da Vinci, Maria Madalena, identificada com o Santo Graal, tornou-se uma figura dominante. De repente, com a "tese" do casamento de Jesus e Maria Madalena, parecia que era possível finalmente encontrar a descendência carnal de Jesus.
Para lá da acção vertiginosa bem urdida, o sucesso do livro dever-se-á também ao facto de pretender responder a uma curiosidade legítima: como poderá ter sido a vida sexual de Jesus? Mas é bom prevenir que se trata de uma obra de ficção. Quem aceitou a obra de Brown como documento histórico caiu numa patranha. Há sempre quem goste de ser enganado!
O que pode saber-se sobre Maria Madalena através dos textos canónicos, isto é, dos que foram oficialmente aceites pela Igreja? É preciso, antes de mais, desfazer um equívoco. Corre a imagem habitual de Madalena como prostituta arrependida e penitente. Conta a lenda que ela fugiu com um soldado romano e que, depois de repudiada, foi violada por outros soldados. Jesus teria expulsado os demónios do seu corpo e ela, abandonando a prostituição, seguiu o Mestre. Há aqui uma associação entre possessão demoníaca e sexualidade.
Foi Gregório Magno, papa entre 590 e 604, que, misturando as várias figuras femininas do Evangelho, deu a Madalena o epíteto de prostituta, que de facto não foi. Esta confusão deve ser lida no contexto do processo de incremento da negatividade da figura da mulher na Igreja. "A que Lucas chama 'a pecadora', a que João nomeia como 'Maria', são a mesma, cremos nós, que a Maria de quem, segundo Marcos, foram retirados sete demónios", disse o papa. E assim Madalena ficou na História como a prostituta arrependida que passou o resto da vida em penitência.
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