quarta-feira, 8 de março de 2006

Dia Internacional da Mulher

Já não é sem tempo... em dois mil anos de civilização cristã
Em princípio, nada tenho contra os Dias Mundiais ou Internacionais. No mínimo, eles servem para chamar a atenção, levando-nos a reflectir, para a importância de pessoas, factos, propostas e projectos universais, ideias e sonhos, desafios e efemérides. O Dia Internacional da Mulher, contudo, revela, à saciedade, que as mulheres continuam, nas civilizações conhecidas destes tempos, numa situação de menoridade social, profissional, religiosa e cívica. Por mais que lutem, por mais que mostrem, claramente, que em nada são inferiores aos homens, em qualquer campo, elas sofrem, na grande maioria dos casos, uma discriminação ridícula e injusta. É certo que as mulheres já ocupam cargos e funções onde a condição do género não encontra obstáculos. Mas também é verdade que aos lugares de topo, sobretudo nas actividades privadas, raramente conseguem chegar. Os homens, por norma, não encontram essas dificuldades, em confronto com as mulheres. As mulheres estão em maioria nas universidades, nas escolas, nos serviços de enfermagem. As mulheres estão em maioria nas Igrejas, nas missões, no voluntariado social e nos trabalhos que exigem habilidade manual. As mulheres, que mantêm, no dia-a-dia, duas profissões, a que lhes paga um ordenado e a que elas têm de desenvolver na educação dos filhos e na lida da casa, nem sempre são remuneradas, no meio empresarial privado, em pé de igualdade com os homens. As mulheres, que são a maioria nas Igrejas, também merecem mais responsabilidades. E nessa linha, o Papa Bento XVI já prometeu, há dias, debruçar-se sobre o assunto, esperando-se alguns avanços no seio da Igreja Católica. As mulheres não estão na política em número suficiente para humanizarem, com a sua sensibilidade, as leis que nos governam. Mas estão nas artes, na cultura, na educação dos filhos, na solidariedade e na disponibilidade, onde mostram a riqueza do seu sexto sentido e a importância de ocuparem o lugar a que têm direito nas sociedades contemporâneas. Já não é sem tempo, em dois mil anos de civilização cristã.
: Fernando Martins

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