sexta-feira, 11 de novembro de 2005

ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS, NO DIÁRIO DE NOTÍCIAS

Primeira análise
aos manifestos A propósito dos manifestos dos candidatos presidenciais, objecto de análise na edição de ontem, o DN solicitou a opinião de Pedro Magalhães (a quem colocámos duas questões) e António Costa Pinto Olhando para os manifestos, qual é o traço distintivo mais nítido dos candidatos a Presidente da República?
Neste momento, qualquer análise dos documentos programáticos das diversas candidaturas só pode ser impressionista e superficial, especialmente tendo em conta o facto de que alguns desses documentos ainda não são conhecidos (não disponho, quando escrevo este texto, do manifesto de Francisco Louçã, e de Jerónimo de Sousa só conheceremos o Compromisso no próximo dia 14). Nas ciências sociais, a análise aprofundada do conteúdo de documentos desta natureza é uma área altamente especializada de investigação, uma actividade morosa e que recorre a meios técnicos sofisticados. Mas correndo o risco do impressionismo e da superficialidade, há alguns aspectos gerais que penso poderem ser apontados.
O primeiro é o da aparente ausência nestas eleições de conteúdos programáticos claramente associados a uma ideologia de direita, seja da direita "económica" seja da direita "dos valores". Cavaco Silva, o candidato mais à direita, compromete-se inequivocamente com a "função redistributiva" do Estado e defende objectivos gerais para políticas públicas nas mais variadas áreas, cuja prossecução implica inevitavelmente a ausência de alterações fundamentais no modelo de actuação do Estado.
É certo que, em matérias potencialmente mais caras a uma "esquerda cultural" (imigração ou igualdade entre homens e mulheres, por exemplo), o manifesto de Cavaco Silva é silencioso, ao contrário do que sucede com os dos seus principais competidores. Mas não deixa, por exemplo, de erigir a "melhoria da qualidade ambiental" ou a mobilização dos cidadãos para uma "participação mais intensa" como objectivos fundamentais para o País, posições dificilmente classificáveis como "conservadoras". Assim, não parece existir, do ponto de vista estritamente programático, um candidato de direita, o que é sintomático quer da estratégia específica de Cavaco Silva para estas eleições quer, num sentido mais profundo, das vastas áreas de consenso ideológico no eleitorado português ou, para ser mais preciso, da relutância das elites políticas portuguesas em activarem politicamente clivagens sociais e ideológicas latentes (mas nem por isso menos reais).
(Para ler o texto todo, clique DN)

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