Duas forças
Deus e o mundo não podem pôr-se em pratos da mesma balança; não são forças de igual nível para poderem ser comparadas; nem sequer são princípios concorrentes ou antagónicos; muito menos com pesos iguais ou igualáveis.
As nossas limitações tentam-nos, a muitos de nós, a pôr em confronto o Criador e as coisas por Ele criadas; e, então, valorizamos um, com exclusão do outro, correndo-se o risco de ficarmos de fora, ou de Deus ou do Mundo.
O Homem, pensante e livre na procura da verdade, tendo os pés misturados com a poeira da terra, sabe que cresce e se torna grande quando não tem medo de pôr os olhos mais para o Alto.
Estamos, de facto, entre duas forças, ambas a merecer e a exigir o nosso compromisso, o nosso respeito, o nosso amor; saber encontrar a coragem de dar a Deus e de dar a César o que a cada um pertence e tem direito, é um acto de grande humildade; só os pequenos sabem fazê-lo com grandeza! E, por isso, se tornam grandes e primeiros.
O melhor de tudo é fazer aproximações: empurrar, com respeito, carinho e delicadeza, o mundo para Deus; e, com palavras e acções, pôr Deus nos espaços e lugares por Ele mesmo criados.
P. João Gonçalves in "Diálogo", 1043 - XXIX DOMINGO COMUM