domingo, 16 de outubro de 2005

JUSTIÇA: PORTUGAL EXIGE AQUILO QUE NÃO TEM

Em Salamanca, onde está a decorrer a Cimeira Ibero-Americana, o Presidente Sampaio pediu ao Presidente da Venezuela, Hugo Chavez, que diligenciasse junto dos tribunais venezuelanos, para que o piloto português, detido há um ano naquele país por alegadamente estar envolvido no tráfico de droga, fosse julgado o mais depressa possível. Hugo Chavez prometeu, segundo os jornais, que iria interessar-se pelo assunto. Penso que é legítima a actuação do Presidente Jorge Sampaio, ao procurar defender um cidadão português, detido no estrangeiro, que se declara inocente. No entanto, também não posso deixar de pensar que em Portugal há centenas de compatriotas nossos na mesma situação, em prevenção preventiva, e com julgamentos atrasados há imenso tempo, sem que tenha havido quem interceda por eles. E com que moral é que o nosso País protesta no estrangeiro contra a prisão e falta de julgamento seja de quem for, se entre nós se passa, precisamente, o mesmo? Não há portugueses e estrangeiros anos e anos à espera que os nossos tribunais se decidam? Não há em Portugal 40 venezuelanos em prisão preventiva, sem que a Justiça se apresse? Isto de se exigir aos outros o que não oferecemos aos nossos concidadãos e aos estrangeiros que temos presos não pode passar pela cabeça de ninguém. Antes de se exigir, temos de dar o exemplo. Fernando Martins

Sem comentários:

Enviar um comentário