domingo, 11 de setembro de 2005

Um texto de Luís Naves, no DN

Um mundo em mudança ou o dia que mudou o mundo?
Nos meses seguintes ao 11 de Setembro de 2001, muitos textos sobre os atentados começavam pela frase "o dia que mudou o mundo". Passados quatro anos, o tom peremptório tende a desaparecer. Há mesmo quem pense que a sociedade dos países atingidos pelo terrorismo não terá mudado de forma tão profunda como se previa após cada acção destrutiva.
Houve mudanças, não apenas na América mas em outros países afectados pela vaga de ataques da Al-Qaeda a sensação de segurança dos cidadãos já não é a mesma, o que tem reflexos na vida quotidiana; as pessoas não viajam da mesma maneira; mudaram os destinos turísticos; as minorias muçulmanas sentiram o impacto de mais discriminação; por outro lado, haverá hoje, nos países ocidentais, um interesse desconfiado pela cultura islâmica; até a linguagem foi enriquecida, com termos que reflectem o novo fenómeno (quem conheceria a palavra talibã, por exemplo?).
Os atentados (nos EUA, em Londres, em Madrid) terão mudado a geopolítica. A opinião pública ocidental ganhou consciência do perigo colocado pelo crescimento do radicalismo islâmico. Nos últimos quatro anos, parte da actualidade andou em torno deste tema. A Administração americana chama-lhe "guerra contra o terror" e nela tem gasto muito dinheiro.
No entanto, é difícil dizer se a diminuição da intensidade do conflito israelo-palestiniano é consequência desta nova preocupação. Por outro lado, as teses que pretendiam ligar o regime de Saddam Hussein à proliferação das armas de destruição maciça estão hoje desacreditadas, enquanto antigos elementos da Administração americana admitem que os indícios que ligavam Saddam ao terror islâmico eram, já na altura em que foram apresentados por Washington, pouco credíveis. No fundo, admite-se que não foi este o motivo da invasão do Iraque. E que dizer da atrocidade de Beslan, cujo horror tem génese na Chechénia, uma guerra pós-soviética, num caótico fragmento da implosão da Guerra Fria, que por acaso tem maioria muçulmana? Faz parte do mesmo conflito do 11 de Setembro, do 11 de Março ou do 7 de Julho?
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